quinta-feira, 1 de novembro de 2012

COMPROMISSO NAS PARÓQUIAS

A Paróquia de Oiã, que coincide geograficamente com a freguesia que lhe dá o nome, tem por patrono S. Simão apóstolo, e é a maior paróquia do arciprestado de Oliveira do Bairro e uma das cinco maiores paróquias da Diocese de Aveiro.


Sendo uma paróquia do interior, inicialmente com raízes marcadamente rurais, sofreu no entanto, e principalmente nas duas últimas décadas, profundas alterações a este nível, por força fundamentalmente da sua localização geográfica, acabando por transformar-se num hibrido em que o rural e o suburbano se misturam e convivem e onde, por isso mesmo, a “religião” é mais ostentada do que vivida.

Ou seja, embora a esmagadora maioria dos habitantes da freguesia de Oiã se assuma como católica, o facto é que esta é, as mais das vezes, uma assunção pouco esclarecida, fruto da tradição e da inércia e onde o “ir à igreja” surge como uma obrigação a cumprir, quer por respeito aos pais e obediência aos valores socialmente ainda vigentes, que assim o impõe, quer por medo do Pai, que surge como uma entidade distante e castigadora.

Compreende-se por isto mesmo a vivência de um bairrismo religioso, centrado à volta das nove capelas existentes na paróquia e dos respetivos padroeiros, potenciador de fraturas e quezílias e que surge como obstáculo à unidade paroquial necessária e desejada.

Porém se do que fica dito se infere a imperatividade de um longo caminho a percorrer com vista à vivência plena de uma fé esclarecida, onde não basta parecer igreja mas onde se torna necessário ser igreja para que possamos vivenciar verdadeiramente o ser em Cristo que se impõe nesta hora de Missão Jubilar, importa também que se afirme que mesmo as longas distâncias são alcançáveis pela perseverança, e pela crença de que juntos e em Cristo tudo conseguiremos.

Assim, a nível paroquial, e para além do programa que é comum a todas as paróquias da diocese, começámos já a incentivar uma maior envolvência dos pais na catequese dos filhos, tentando com isso criar naqueles, pela vivência do aprendizado destes, a necessidade de reganhar valores e de reavivar o seu conhecimento de Cristo, enquanto amor encarnado de Deus.

No que concerne aos jovens, importa que lhes seja criado um espaço de convívio onde possam abrir novos horizontes de fé e cultura, que os ajude a criar laços de entreajuda e que os torne conscientes duma religião do coração, ou seja, repleta de sentimentos de amor e proximidade em relação a todos os que os rodeiam, a testemunhar sem medo nem vergonha em qualquer ambiente ou lugar em que venham a estar inseridos.

Tendo em conta a realidade social e económica da freguesia – a sua grande industrialização e a atual conjuntura económica do país fizeram disparar a taxa de desemprego -, reforçar-se-ão as estruturas sócio caritativas existentes e implementar-se-á uma cultura de proximidade que permita não só identificar mais rapidamente as situações de verdadeira carência como também contribuir para a resolução mais eficaz e discreta das situações detetadas.

Complementarmente, e em toda a paróquia, vários grupos de casais vão tentar, em conjunto e na partilha das suas experiências pessoais, discutir e refletir, à luz da fé e do amor que os congrega e une, sobre qual seja a melhor forma de corresponderem, nesta hora de crise e desesperança que o próprio país atravessa, aos desígnios a que desde sempre foram chamados, de serem o fermento necessário à construção de uma família, e, inerentemente, de uma paróquia, de uma diocese, da própria sociedade em si, pelo exemplo da própria unidade do casal que são, na sua abertura ao acolhimento responsável de novas vidas e na reivindicação do seu direito de serem os primeiros responsáveis pela educação dos seus filhos.

Por último, e porque este ano é também Ano da Fé, pretende-se a reativação, criação, na paróquia de grupos bíblicos, que possam, na leitura meditada dos Evangelhos, (re)encontrar caminhos de esperança e de unidade no testemunho daqueles que primeiro vivenciaram o amor criador do Pai, que nos recupera em Cristo, e nos torna cientes que a morte, entendida de uma forma abrangente como tudo aquilo que nos aniquila, destrói e desumaniza, pode ser vencida porque a ressurreição de Cristo aconteceu, e acontece, ontem, hoje e sempre, simplesmente porque Ele não se alheou de nós.

É pois com esta certeza que é também a razão de ser da nossa esperança, que, neste ano de Missão Jubilar mas que também é Ano de Fé, e no reconhecimento e na assunção das nossas fragilidades e fraquezas enquanto paróquia, que vamos percorrer o caminho que nos propusemos, na esperança de que volvido um ano, possamos todos, em unidade, ser sinais vivos dessa mesma ressurreição, e da caridade e do amor que a ela levou.

Que assim seja.

Padre Mário Ferreira, aqui