quarta-feira, 5 de setembro de 2012

DIVAGAÇÕES SOBRE A R.A.T.A.*, ESSA OBSCENIDADE EM FORMA DE LEI

Num tempo em que a r.a.t.a.* dá a volta ao miolo a meio mundo, escrever sobre o assunto acaba por não ser fácil para qualquer um; e tudo se complica ainda mais porque, qualquer que seja a abordagem, acaba por consistir em dar opinião sobre algo que não conhecemos uma vez que, para além de a questão ser, já de si, bastante delicada, é uma matéria que exige estudo, conhecimento de causa e principalmente vivência pática da situação.

Começo por dizer que por ter atingido a maioridade, me sinto um cidadão de corpo inteiro e completamente dotado de toda a minha capacidade e pujança, inclusivamente física, uma vez que no próximo acto eleitoral já poderei votar. E por isso, foi com o sangue a ferver que assisti ao périplo de debates realizados nas diversas freguesias tendo a r.a.t.a.* como tema único, momentos que considero muito importantes para o meu crescimento como homem e como futuro político, pois foi a primeira vez na minha vida que fiz uma abordagem à r.a.t.a.* e à política em geral.

Como é normal, sempre que se trata da primeira vez, seja no que for, nem sempre as coisas correm bem; e comigo também se passou o mesmo, uma vez que, apesar da minha expectativa e sofreguidão em ficar a saber o mais possível sobre a r.a.t.a.*, o que é verdade é que, numa semana inteira, apesar de não ter falhado nenhuma das sessões seguidas, pouco aprendi sobre o assunto; a única conclusão a que cheguei no final das sessões, é que esta r.a.t.a.* tem muito poucos amantes e que os poucos que dizem venerá-la não parecem muito sinceros, porque dizem que a r.a.t.a.* até tem virtudes, lançando palpites sobre a agregação de todas as freguesias menos daquela que cada um quer que se mantenha inocentemente intocada ou seja, tudo muito bem, venha de lá essa r.a.t.a.* desde que ninguém toque nas intimidades das freguesias que lhes são mais queridas.

Dito de outro modo: gostam da r.a.t.a.* mas apenas se esta lhes satisfizer as suas intenções e apetites do momento. Pergunto eu, que ainda sei pouco disto: acham que este é um sentimento puro? Acham que esta é uma forma sincera de se manifestar apoio a uma r.a.t.a.*?

Por isso mesmo, para quem pediu ajuda às populações aguardando destas uma mensagem clara, e prometendo respeitá-las, ela aí está; vamos lá ver se agora não fazem como fizeram quando foi com a l.a.d.r.a. (ligação à Águas da Região de Aveiro), em que pura e simplesmente foi ignorada a oposição da esmagadora maioria dos eleitores!!!

Mas muito sinceramente, apesar de apenas ter ficado com uma ideia superficial sobre o que é a r.a.t.a.*, já percebi que se uma r.a.t.a.* for boa não podemos menosprezá-la; mas é essencial que se trate mesmo de uma boa r.a.t.a.*, porque não sendo boa ou seja, sendo igual àquela que agora que por aí apareceu caída do céu aos trambolhões, então a verdade é que por não trazer grandes vantagens, será sempre uma r.a.t.a.* que não interessa nem ao menino jesus.

Apesar de ainda ser um novato em matéria de r.a.t.a.* já consegui perceber que não há nenhuma r.a.t.a.* que só dê vantagens aos seus fregueses; e por isso, o que há que concluir é que uma r.a.t.a.* deve ser considerada como boa quando traz mais vantagens do que desvantagens, e quando os seus beneficiários podem tirar verdadeiro partido dessas vantagens; e para isto, é essencial que essa r.a.t.a.* coloque mais meios e melhores serviços ao dispor dos seus utentes. Se isto acontecer, de certeza que ficam todos mais satisfeitos e, embora presentes, não serão seguramente tão valorizados os princípios e os valores individuais do tempo da antiga r.a.t.a.*, e em pouco tempo já ninguém se lembra da r.a.t.a.* anterior.

Todos sabemos que a actual r.a.t.a.* já está há quase dois séculos ao serviço de milhões de fregueses, e que já não satisfaz plenamente todas as exigências dos tempos de hoje; apesar disso, não podemos esquecer que no auge da sua maturidade, o serviço público que esta velha r.a.t.a.* prestou foi de excelência, não deixando os seus fregueses indiferentes, queixosos ou lamurientos. É também por isso mesmo que não podemos atirar a actual r.a.t.a.* para o caixote do lixo, assim de rompante, só porque é velha, para de seguida nos atirarmos a esta nova r.a.t.a.* que nos puseram à frente do nariz, abocanhando-a à ganância e como se não houvesse àmanhã!

Cá para mim, mesmo percebendo pouco do assunto, sou de opinião que temos que ter calma a pensar muito bem antes de trocarmos de r.a.t.a.*!

Desde logo, importa saber quem é, e de onde vem esta nova r.a.t.a.*; e sobre isso, o que se sabe é que apareceram por aí uns cavalheiros, uns branquelas vindos da união europeia, de charuto na boca e cartola na cabeça, filhos de uma tal ‘Troika’, e toca de dizer que os portugueses tinham de mudar de r.a.t.a.* porque a r.a.t.a.* que têm ao seu serviço é gulosa e interesseira….

Grandes sacanas! Coitada da nossa r.a.t.a.*... Anda há quase dois séculos a aturar tudo e todos, de norte a sul do país, marmanjos que se aproveitam dela são às centenas e agora é que se lembram de a maltratar, dizendo que cobra muito caro, e que é uma chupista gastadora de muito dinheiro…

Vejam bem ao que isto chegou: como se os barrigudos da família ‘Troika’, só porque andam por aí a pavonear-se com malas a abarrotar de euros enquanto largam grandes baforadas de fumo, tivessem o direito de entrar por aqui dentro, a por e a dispor como se estivessem em casa deles, difamando a r.a.t.a.* de que se servem os portugueses…

Mas que falta de respeito! Sabem lá eles o que é o decoro! Eles, que nem imaginam o serviço público que esta r.a.t.a.* já prestou aos portugueses, e as dificuldades por que já passaram juntos… 

E assim, de sopetão, mesmo sem conhecerem as milenares mamoas da nossa Mamarrosa nem o sangue quente da nossa vaporosa Palhaça, e que nem sequer imaginam que quanto a Bustos estamos bem servidos e que quanto ao resto está tudo no sítio e não vale a pena mexer, toca de nos impôr uma nova r.a.t.a.*, concedendo uns fingidos 90 dias que afinal são quatro meses e meio, para a aceitarmos sob pena de nos ser imposta à força!

Como se isso fosse assim… Mas afinal onde é que estamos? É que esses cromos nem se preocupam em saber se é essa a vontade dos fregueses… Ou será que essa malta não sabe que na questão da r.a.t.a.*, a vontade do freguês é essencial?

Não… nada disso… sem sequer se deram ao trabalho de preparar o terreno… limitaram-se a dar uma tosquiadela às relvas, e tomem lá disto: atiram-nos como uma r.a.t.a.* nova, que ninguém por aqui conhece de lado nenhum, e agora desenrrasquem-se… porque senão ficam enrrascados!!!

Parece que anda tudo tolo… Ora vamos lá ver; acho que não deve haver quem não goste de uma r.a.t.a. nova; principalmente quando a que temos é velha e já com bastantes folgas… Mas caramba… há que ter respeito… a antiguidade ainda é um posto!

Querem fazer-nos crer que a r.a.t.a.* que nos apresentam é uma madame com princípios, objectivos, parâmetros e níveis de enquadramento, mas vistas bem as coisas, não é mais do que uma dengosa, com uns seios que não passam de uns disformes troncos de silicone, com as pernas, o buço e os sovacos mal depilados, com unhas, extensões do cabelo e dentadura postiças, com perfume e rímel de marca contrafeita, com bijuteria de fantasia e com anéis de latão tosco: uma autêntica galdéria fetichista, é o que esta r.a.t.a.* é!

Meus amigos, acreditem no que vos digo: esta r.a.t.a.* não é séria e vista de perto é uma verdadeira desilusão, e quem olhar para ela com olhos de ver, facilmente se apercebe que é uma cínica de baixo nível, que trata as freguesias de chicote em punho, mas que se agacha aos municípios; e depois quer que os fregueses pensem que reorganiza a administração do território autárquico com imparcialidade, a safada, que nem sequer abre o bico sobre as regiões administrativas.

O que esta r.a.t.a.* mais parece é, isso sim, uma reles contorcionista de varão de inox! Topei-a logo à distância; bastou-me vê-la a cruzar as pernas e a exibir aqueles sapatos vermelhos de verniz, com bico fino e salto de agulha!

Sabem que mais? Reza na Constituição da República que todos temos o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os nossos direitos, liberdades e garantias; é por isso que comigo, é ponto assente que esta r.a.t.a.* nem à experiência fica!

Job Junior
(estudante universitário que paga as propinas com o salário que aufere como repositor de produtos lácteos numa grande superfície comercial)

*Reorganização Administrativa Territorial Autárquica