
É também uma nação a envelhecer;
digamo-lo alto, a morrer. Nos primeiros seis meses deste ano nasceram menos
4009 crianças do que no mesmo período em 2011.Todos os governos se preocupam
com a crise financeira, para a qual não encontram remédio eficaz, ainda que
cavalar.
Os deputados, cujo número deveria ser reduzido, sempre era uma poupança, têm sido mais ágeis na aprovação de leis que ajudam a destruturar as famílias.
A fecundidade é baixa como
nunca, a mais baixa de toda a Europa e uma das mais baixas do mundo, a mais
baixa desde 1960, e tende a bater novos recordes, com a crise instalada.
Sabe-se que a vida da mulher no mundo laboral cria algumas dificuldades, põe
alguns problemas (e os patrões colocam outros), mas, quando a abastança poderia
ser um alicerce para a estabilidade, apenas gerou mais comodismo, com
gravidezes cada vez mais tardias e mais raras. Há casas enormes, mas vazias de
novas vidas.
O valor ideal para permitir
assegurar a substituição de gerações é de 2,1 e Portugal anda quase um ponto
abaixo. Esta situação não só concorre para o envelhecimento da população, como
afecta o factor de sustentabilidade do sistema da Segurança Social que, se
agora não preocupa os casais, eles irão ser no futuro as próximas vítimas.
Precisam-se urgentes medidas políticas de incentivo à natalidade, como
alternativa ao tendencial aumento da idade de reforma. Mas parece que isso não
irá acontecer tão cedo. Primeiro que tapem o buraco com a nossa carne e o nosso
sangue, vai correr muita água no rio Tejo.
Uma casa com filhos e netos é
uma fonte de alegria. Um país sem o abundante dom da vida, será o pior dos
mundos, uma terra triste e estéril, à beira da catástrofe geracional.
Armor Pires Mota, no 'Jornal de Bairrada', de 26 de Julho de 2012