As manifestações em Portugal são
um fenómeno complicado de analisar.
Normalmente têm sido de protesto setoriais
e dirigidas ou orientadas por forças sindicais ou por partidos.
As manifestações de adesão
espontâneas têm sido raríssimas mas demonstram um estado de esgotamento terminal
do povo. Normalmente antecederam revoluções como as mudanças de dinastia ou de
regimes.
No nosso distrito de Aveiro,
em 13 de Julho de 1975, uma grande concentração de leigos em Aveiro, em
oposição às políticas de cariz comunista, gerou um movimento semelhante.
Uma
grande manifestação de católicos desfilou em Aveiro, e à qual se juntaram
vários lideres de associações sindicais de outros movimentos sociais. Esta
manifestação encabeçada na primeira fila por D. Manuel de Almeida Trindade,
Bispo de Aveiro e um enorme Bairradino, acabou por ser detonadora de
manifestações populares semelhantes noutras capitais de diocese como em Coimbra,
Lamego, Leiria e Braga. Esse estado de espírito da população era de revolta espontânea
quanto ao rumo do País, que exigia respeito pelos direitos fundamentais da
pessoa humana e dos portugueses.
As manifestações de sábado
passado foram semelhantes. Demonstrações públicas de quem já não aguenta a
navegação à vista, com rumos titubeantes, comandadas externamente e que em os
objetivos se alteram constantemente com prejuízo dos portugueses. Sábado
agregou gente de todas as proveniências o que evidencia a abrangência do
protesto.
Quem governa têm a obrigação de perceber que algo está errado e não
deve prosseguir no erro. Os esforços de contenção e privação do povo são
necessários e o povo deu o benefício ao governo atual, mas tornam-se
incompreensíveis quando resultam de opções insensatas e se sabe que a receita
não cumpriu os objetivos traçados.
Como em 1975 o protesto era
verdadeiro e original acabando por desencadear o 25 de Novembro. Passos e
Portas devem ter em conta que há muitos portugueses com coragem e que tiveram a
visão necessárias para mudar como o Bispo de Aveiro e o general Ramalho Eanes.
António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 20 de Setembro de 2012