terça-feira, 25 de setembro de 2012

MANIFESTAÇÕES


As manifestações em Portugal são um fenómeno complicado de analisar

Normalmente têm sido de protesto setoriais e dirigidas ou orientadas por forças sindicais ou por partidos.

As manifestações de adesão espontâneas têm sido raríssimas mas demonstram um estado de esgotamento terminal do povo. Normalmente antecederam revoluções como as mudanças de dinastia ou de regimes. 

Penso que assim foi nas manifestações no verão quente em que o povo se opôs à previsível ascensão ao poder dos comunistas. 

No nosso distrito de Aveiro, em 13 de Julho de 1975, uma grande concentração de leigos em Aveiro, em oposição às políticas de cariz comunista, gerou um movimento semelhante.

Uma grande manifestação de católicos desfilou em Aveiro, e à qual se juntaram vários lideres de associações sindicais de outros movimentos sociais. Esta manifestação encabeçada na primeira fila por D. Manuel de Almeida Trindade, Bispo de Aveiro e um enorme Bairradino, acabou por ser detonadora de manifestações populares semelhantes noutras capitais de diocese como em Coimbra, Lamego, Leiria e Braga. Esse estado de espírito da população era de revolta espontânea quanto ao rumo do País, que exigia respeito pelos direitos fundamentais da pessoa humana e dos portugueses.

As manifestações de sábado passado foram semelhantes. Demonstrações públicas de quem já não aguenta a navegação à vista, com rumos titubeantes, comandadas externamente e que em os objetivos se alteram constantemente com prejuízo dos portugueses. Sábado agregou gente de todas as proveniências o que evidencia a abrangência do protesto. 

Quem governa têm a obrigação de perceber que algo está errado e não deve prosseguir no erro. Os esforços de contenção e privação do povo são necessários e o povo deu o benefício ao governo atual, mas tornam-se incompreensíveis quando resultam de opções insensatas e se sabe que a receita não cumpriu os objetivos traçados.

Como em 1975 o protesto era verdadeiro e original acabando por desencadear o 25 de Novembro. Passos e Portas devem ter em conta que há muitos portugueses com coragem e que tiveram a visão necessárias para mudar como o Bispo de Aveiro e o general Ramalho Eanes.

António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 20 de Setembro de 2012