Nos últimos dias, a EDP, esse grande “monstro eléctrico” que
cada vez nos esturra mais as migalhas, esteve ao rubro.
Tem tal força e
potência que ninguém se atreve a pôr travão nos aumentos galopantes.
O primeiro,
o Secretário de Estado da Energia, que quis baixar a pesada factura, foi para a
rua. Demitiu-se, mas deixou um grito de alerta: a EDP anda a meter a mão nos
bolsos dos portugueses, à bruta. Disse mesmo que “o Estado tem de impor o
interesse público ao excessivo poder da EDP”, que tal, como os produtores, não
corre riscos.
Por isso, o Secretário do Estado, queria mexer na EDP, cumprindo
uma das imposições da Troika. O resultado é o que se sabe. Ninguém pode mexer
no reino do Sr. Mexia que só ganha 3 mil euros por dia e mexe, sem apelo nem
agravo, nos bolsos dos portugueses e na tesouraria das empresas em que a
energia é o peso maior, o que não ajuda nada à tão proclamada necessidade de
competitividade.
A EDP quis mostrar aos
chineses galinha gorda no negócio, e o governo, ao agir deste modo, deu o
flanco, mostrou-se, mais uma vez, fraco perante interesses instalados, cedendo
ao super Mexia. Alguma razão tem o PCP. Por outro lado, o Ministro da Economia,
sempre tão cioso cumpridor do memorando da Troika, começa a cometer alguns
pecados capitais: além das excepções nos cortes para alguns portugueses, já de
si privilegiados, agora não avalizou o projecto da criação de uma tarifa para
aplicar aos produtores da electricidade, e o governo travou o projecto.
Borrou
a escrita, mesmo sabendo que, no próximo ano, poderá haver um agravamento na
factura não inferior a 11%, uma sobrecarga insuportável para consumidores e
empresas. Agora, bem pode o governo vir dizer que vai renegociar os contratos
com a EDP. Já poucos acreditam.
É mais fácil continuar a ir aos bolsos dos mais
fracos e desprotegidos.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 22 de Março de 2012