quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O ÚNICO MALUCO DO PAÍS CONFORMADO

Uma coisa que me irrita nos pobres - coisa antiga, já Maria Antonieta tinha dado por ela (não é bem verdade, mas não estou aqui para discutir a lenda) - é a falta de imaginação deles: se não têm pão, por que não comem brioches?

Outra coisa, nos pobres: a imprevidência. Andam ó-tio-ó-tio por o Metro fechar mais cedo, mas lembrarem-se de trazer o automóvel para a Baixa, está quieto! Depois do trabalho os pobres podiam ir comer umas gambas ao Pinóquio, ouvir fado para Alfama e quando lhes desse na gana metiam-se no carro sem dependerem dos transportes públicos.

Mas não, preferem protestar contra as medidas de austeridade do Governo.

E por falar neste, ele também embarca no pessimismo geral: vai para seis meses que tomaram posse e não há um ministro que anuncie a mudança da frota automóvel. Com exemplos destes, todos se encolhem, até Joe Berardo, que não há meio de exigir: "Se querem a minha colecção, passem-me um cheque em branco." Ao que, numa bravata linda, um verdadeiro secretário de Estado da Cultura aparecia na televisão: "Toma!" e estendia o cheque.

Era um Portugal assim que eu queria, afoito. Se é para a desgraça, vamos de cabeça. Mas na "manif" marcada para um dia destes, nenhum sindicato avança com o aumento de 10%. Nem a Guarda exige um aeroporto internacional e Mortágua uma Faculdade de Medicina.

Tudo nas encolhas!

Magnificamente maluco só mesmo Jardim, que dá férias à ilha porque toma posse.

Ferreira Fernandes, aqui