terça-feira, 3 de maio de 2011

A TERRA VISTA DA LUA

A morte de bin Laden (alguns noticiários referiam-se ontem cepticamente à "alegada morte de bin Laden"), a fotografia manipulada que circulou na Net, a estranha história do corpo lançado ao mar e, sobretudo, a decepção que o anúncio dessa morte provocou nas hostes do antiamericanismo primário, simétrica da euforia acrítica das hostes do americanismo primário, já estão a dar pano para mangas aos vivaços locais e internacionais das teorias da conspiração.

À míngua de "provas científicas" como as que irrefutavelmente demonstram que foram a CIA e a Mossad os autores dos atentados contra as Torres Gémeas (tudo, aliás, como vem nos "Protocolos dos sábios do Sião"), as explicações do que "verdadeiramente" terá acontecido ficam-se, para já, pelo engenho elucubrativo, e vão desde o óbvio facto de bin Laden nunca ter existido até à constatação, não menos óbvia, de que era um agente sionista.

Há também quem esteja sinceramente convencido de que irá ressuscitar ao terceiro dia, se calhar sob a forma de bebé bombista suicida como o que o Hamas mostrou à imprensa em 2002, ou que a sua morte é o tão esperado milagre que promoverá João Paulo II a santo.

Isto enquanto em Nova Iorque e Washington se festeja nas ruas como, em 11 de Setembro de 2001, se festejou nas ruas de Ramallah, menos os tiros para o ar.

Talvez o mundo (ou, vá lá, meio mundo) não esteja maluco mas sim quem acha que meio mundo está maluco.

Manuel António Pina, aqui