quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O AMOR ACABA MAL: SEXO, DINHEIRO E OPERAÇÕES PLÁSTICAS

Um cirurgião plástico do Porto e uma mulher da Póvoa do Lanhoso encontram-se a 11 de Outubro no tribunal, depois de terem mantido uma relação. Ele acusa-a de ser prostituta, de o ter perseguido e de lhe ter extorquido dinheiro. Ela diz que foi violada.

João (nome fictício), cirurgião plástico casado, conhece Maria (nome fictício) no estabelecimento de diversão nocturna "Pérola Negra" no Porto, no final de 2007.

Segundo a acusação, João e Maria passam a encontrar-se regularmente, algumas vezes em Braga, e iniciam uma relação de cariz sexual paga pelo médico. João, na altura com perto de 40 anos, chega a pagar 500 euros por mês a Maria.

Em Julho de 2008, João quis acabar com o relacionamento e deixou de pagar a mensalidade. É aí que Maria lhe terá começado a fazer uma "perseguição implacável e por vezes violenta". Ameaça-o por telefone, começa a exigir-lhe quantias de dinheiro e operações plásticas e, a dada altura, chega mesmo a entrar em contacto com a mãe, a mulher e uma tia do cirurgião plástico.

A perseguição, garante o médico, só terá terminado em Abril de 2009. Antes, João terá até contratado um segurança para se proteger e evitar as investidas. Em Julho de 2008, entrega-lhe seis mil euros em notas. Meses depois, em Outubro, oferece-lhe uma operação plástica de aumento do contorno dos lábios.

Mas as exigências terão continuado: Maria pediu uma operação ao nariz, outra de correcção de uma tatuagem numa perna e uma terceira de correcção dos orifícios dos brincos nas orelhas. Depois de recusar-se a fazer as operações, João terá recebido uma SMS no telemóvel a pedir mais dois mil euros.

Sabendo que o cirurgião fazia parte de um coro no Porto, Maria foi ao local e insultou-o publicamente, dizendo que a teria obrigado a fazer um aborto. As cenas ter-se-ão repetido diversas vezes e Maria terá tentado, até, abordar o padre do coro para denegrir João. Também riscou o carro da mulher do médico e ameaçou o casal de morte.

João quer uma indemnização de 10 mil euros e Maria será julgada por coacção e ameaça agravadas, perturbação da vida privada, dano e extorsão.

Ela.
Maria conhece João, cirurgião plástico, num hotel do Porto, em Abril de 2007. Contrariando a versão do médico, a mulher, de 32 anos, garante nunca ter trabalhado em qualquer estabelecimento nocturno.

Maria diz também que não sabia que João era casado. Por isso, iniciam um relacionamento que só terminaria em Junho de 2007. Segundo a versão da mulher, natural da Póvoa do Lanhoso, terá sido dela a iniciativa de terminar a relação. O médico insistiu para que não terminasse o namoro e chegou a convencê-la a voltar para ele. De tal forma que em Janeiro de 2008 João assumia o namoro perante a família dela – sempre escondendo que era um homem casado.

A relação continuou a evoluir e o cirurgião plástico pediu Maria em casamento, dias antes de saber que a namorada estava grávida.

A gravidez, conta Maria em sede de contestação, terá caído mal ao médico. Assim que soube, João pediu-lhe para desaparecer e entregou-lhe seis mil euros. Dias mais tarde, pediu-lhe para abortar e ofereceu-se para a recompensar, oferecendo-lhe uma cirurgia plástica de preenchimento do contorno dos lábios.

O caso, que corre na terceira vara do tribunal de São João Novo, no Porto, começa a ser julgado no dia 11 de Outubro. Entretanto, Maria apresentou uma queixa, em Braga, contra o cirurgião plástico por alegada violação. O caso, adiantou ao i fonte próxima do processo, ainda está em fase de inquérito.

“Não há no processo nenhuma prova da gravidez”, garante o advogado do cirurgião, Luís Vaz Teixeira, acrescentando que os incidentes “prejudicaram gravemente a vida profissional e familiar” do seu cliente.

Com Pedro Sales Dias / Grande Porto, Rosa Ramos, aqui