São imagens violentas, de pessoas apanhadas pelo horror enquanto estavam de férias na Tunísia.
Imagens que recordam o quanto a ameaça fundamentalista se aproximou e está à nossa porta, a duas horas de avião. O dia de ontem foi marcado por vários focos de violência. Três ataques, três países, três diferentes perfis de vítimas, mas um denominador comum: a inspiração no ativismo violento do Estado Islâmico e nos seus apelos para usar as armas.
É essa capacidade que leva cada vez mais estados a apertar com leis o cerco ao terrorismo. Esta semana entrou em vigor em Portugal um pacote legislativo que aumenta as penas para quem, por exemplo, incitar o terrorismo através da Internet ou simplesmente pesquisar informação com vista à adesão a movimentos terroristas. São respostas repressivas a ameaças cada vez mais intensas, mas que levantam dúvidas quanto à real eficácia preventiva e ao risco de ceder a tentações securitárias.
A organização extrema e o pensamento estratégico do Estado Islâmico exigem respostas coerentes e globais. Nenhum país sozinho consegue proteger-se da ameaça que o terrorismo e o fundamentalismo representam.
Por mais importante que possa ser melhorar a legislação ou a capacidade de intervenção dos serviços de segurança e das polícias, é urgente assumir que esta é uma luta à escala mundial. E uma luta que não é apenas policial, mas pressupõe particular atenção a fatores sociais.
Esporadicamente, a reboque de ataques extremamente violentos, convocam-se cimeiras de emergência e discutem-se medidas extraordinárias. Mas nesta, como noutras pastas, a Europa tem-se revelado incapaz de demonstrar coesão e estratégia na procura de soluções.
Sufocada por negociações financeiras, a União Europeia perdeu nos últimos anos posição geopolítica. Jean-Claude Juncker sintetizou bem ontem, a propósito do falhanço na discussão sobre a criação de quotas obrigatórias para acolhimento de refugiados, o drama que se reflete em tantos dossiers: "A Europa não está à altura das ambições que proclama".
Inês Cardoso, aqui