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A goleada humilhante da Alemanha ao Brasil não vai fazer só vítimas entre o escrete. No descalabro da seleção anfitriã deste Mundial, Scolari é um elo demasiado óbvio. Aliás, é por isso mesmo que o selecionador já era.
Dilma Rousseff ainda não. Mas o mais certo é que o venha a ser. Será útil analisar as movimentações da presidente brasileira antes do jogo do vexame. Enquanto o Brasil disputava a Copa, a complexa (digamos assim) classe política brasileira entrava num outro campeonato: o da eleição para a presidência da República.
Em outubro, o Brasil vai a votos e até à goleada germânica a presidente Dilma - que se recandidata ao lugar - aproveitou a onda de aparente euforia futebolística a favor da sua neófita campanha política. Afinal de contas, o Brasil, que rejeitou a Copa nas ruas com violência, tinha acalmado e tudo corria de vento em popa para a recandidata do PT.
A conquista do campeonato seria apenas a cereja que Dilma precisava no bolo. Um afastamento digno seria péssimo, apesar de desculpável. Mas foi aí que entraram os alemães. E os seus trituradores sete golos.
Mais do que uma cabazada à seleção, que já pertence à história, a Alemanha goleou Dilma.
E goleou-a na disputa da difícil Copa eleitoral de outubro que só agora entrou na fase de grupos. Numa entrevista concedida após o jogo Brasil--Alemanha - que vai ser emita hoje na CNN - a presidente brasileira confessou à jornalista-estrela Christiane Amanpour que nem no seu "pior pesadelo" imaginou uma goleada de 7-1. O problema é que este pode ser apenas o primeiro pesadelo de Dilma.
Quem, como ela, sustentou parte substancial da linha de campanha no sucesso da Copa quer ao nível da finalização de infraestruturas (não interessa a que custo financeiro e social) quer na performance desportiva irá seguramente sofrer com o cataclismo que se abateu sobre a seleção canarinha.
E o caso ainda pode agravar-se para a presidente que em todo este processo tem demonstrado uma inabilidade total na gestão da apetecível popularidade que o futebol arrasta no Brasil, como no seu contrário quando as coisas correm mal. E desta vez correm mais que pessimamente.
É que Dilma admite ir ao Maracanã entregar a taça ao campeão do Mundo. Dilma pode muito bem ter que entregar o troféu à Alemanha. Seria uma ironia de consequências imprevisíveis. Dilma entregaria o galardão não apenas ao carrasco do Brasil mas ao verdugo dela própria.
Porque se, de acordo com uma sondagem da "Folha de São Paulo", a presidente brasileira subiu de 34% para 38% nas intenções de voto desde o arranque da Copa é mais do que certo que essa tendência se vai inverter a pique depois da humilhante derrota frente à Alemanha. Quem sabe se de forma irremediável para a primeira mulher presidente do Brasil.
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