No passado domingo, o Banco de Portugal convocou para a hora do jantar uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do BES para determinar a cooptação dos novos membros para a comissão executiva.
No passado domingo, o Banco de Portugal convocou para a hora do jantar uma reunião extraordinária do Conselho de Administração do BES para determinar a cooptação dos novos membros para a comissão executiva. Na altura, a minha primeira conclusão foi que o BES, e o BP, estavam entregues ao 'lobby gay' - quem mais marcaria uma reunião para a hora da final do Mundial de Futebol?!
Na terça-feira as acções do BES voltaram a cair a pique. Afinal, os mercados que não tinham acalmado quando foi anunciado o Vítor Bento, também não acalmaram quando o Vítor Bento entrou, o que me levou a pensar que, provavelmente, os mercados gostam tanto do Vítor Bento como eu. Voltei a ficar preocupado. Relembro que tinha chegado à conclusão que não queria ter cargos de relevo no BES, por isso, foi com pânico que encarei a hipótese de uma intervenção do Estado.
Lá vamos nós ter mais um banco, era só o que nos faltava! Eu não quero mais bancos! Salvem a mercearia aqui da esquina, que é mais útil e ainda não temos nenhuma. Eu não quero ser dono disto tudo. Deve dar uma trabalheira, e é péssimo quando fazemos anos, porque os nosso amigos não sabem o que nos oferecer, porque nós já temos tudo.
Como é natural, nestes momentos de tragédia surgem sempre portugueses dispostos a ajudar quem tudo perdeu e nada tem. Soares dos Santos veio, de imediato, a público relembrar a importância de salvar a família Espírito Santo. De borla, posso dar uma ideia ao dono do Pingo Doce: que tal oferecer 10% dos lucros da venda de pacotes de leite, numa campanha denominada "Dar de mamar ao BES"? Hum? Parece-lhe bem? Podíamos criar aqui um fluxo. Por exemplo: o Soares dos Santos doava à família Espírito Santo 20% da venda dos vinhos Granadeiro (dizem que vai passar a fazer vinagre).
Hoje (escrevo a crónica na quarta) os mercados ainda continuam de pata atrás com o BES, e alguns especialistas acham que, neste momento, o mais importante é separar o nome do banco do nome Espírito Santo... Banco Salgado também não dá. Podia ser Banco Laranja (podiam usar o velho jingle do anúncio da Bic, evitando a parte do banco cristal). Também podiam optar por tornar a separação ainda mais evidente, por exemplo: Banco Nada Espírito Santo. Ou Banco Diabólico. Posso estar enganado, mas julgo que a sigla BPN também está à venda, e dava jeito entrar massa. Porque não vendemos os Miró?
Na verdade, acho que separar o nome Espírito do Santo do banco é a ideia mais estapafúrdia e inconcebível que já ouvi. Tirar o ES do BES, é como tirar o nome Sintra das queijadas, ou Porto no Vinho do Porto. É mais que um nome, é uma tradição, é o prestígio da marca. O BES, sem a família Espírito Santo, deixa de fazer sentido: nada o distingue dos outros. O que dava sossego, e conforto, aos clientes era, precisamente, o facto do banco pertencer há 150 anos a esta família, a última das grandes famílias tradicionais. O sabermos que, lá em cima, estava o Salgado (e toda a dinastia), o DDT, a olhar por nós. Era o quentinho, como no velho clássico português 'O Pátio das Cantigas' quando as crianças, no meio do alvoroço, são colocadas numa carroça que tem escrito "Salazar", enquanto Vasco Santana declara: "aqui, estão em segurança".
Depois do fim dos Espírito Santo, resta rezar para que a família Santini não se meta num esquema de ponzi, ou nada irá restar dos velhos tempos; e daquele óptimo gelado de baunilha.
TOP5
Espírito Santo de Orelha
1 "Cavaco Silva felicita canoístas que conquistaram seis medalhas nos Europeus" - Felicita tudo o que meta canoas, menos o Carlos do Carmo.
2 "Bárbara Guimarães poderá apresentar o reality show de empreendedores Shark Tank, na Sic"
- É mal pensado porque ainda aparece lá o Carrilho com ideias.
3 "Ciclista favorito à vitória na Volta à França, Alberto Contador, partiu a tíbia" - Com a dose do Armstrong só dava por isso no final da volta.
4 "Os simpatizantes para poderem votar têm de assinar documento a dizer que concordam com os princípios do PS" - Mas estas eleições não são contra os princípios do PS?!
5 "Comissão da Natalidade - Propõe menos IRS e trabalho part-time pago a 100%" - O Governo diz que não sabe se tem capacidade financeira para fazer o que diz a comissão da natalidade; estão tal e qual como os casais; seja bem-vindos.
João Quadros, aqui