sexta-feira, 6 de junho de 2014

O "D" DE VITÓRIA

No pós-tsunami eleitoral, a primeira onda a ser cavalgada não foi a "derrota histórica" da Aliança ou "a vitória que não fica para a história" do PS: foi o triunfo do MPT que dominou os media.

No pós-tsunami eleitoral, a primeira onda a ser cavalgada não foi a "derrota histórica" da Aliança ou "a vitória que não fica para a história" do PS: foi o triunfo do MPT que dominou os media. A vitória de Marinho e Pinto significava o triunfo da conversa de barbeiro sobre o Facebook. Marinho tinha todos os holofotes, e todo ele era sorrisos, mas foi sol de pouca dura. De repente, os feitos do MPT desapareceram do mapa. 

Havia luta pela presidência de um dos grandes e Marinho voltava à condição de pequenino. O país não podia perder tempo com amadores, populistas, quando se preparava um combate político de grande dignidade, que começou com o anúncio do ataque à liderança no descerrar de uma lápide, seguido da resposta: "Então amanha-te e vai arranjar assinaturas!".

Comecemos pelo princípio. O local escolhido, para a declaração de Costa, foi inspirado na estratégia do nosso Presidente da República. António Costa escolheu o local mais estapafúrdio para fazer a declaração mais importante. Esperemos que este método não faça escola. Ninguém imagina Martin Luther King a fazer o discurso "I have a dream" numa montanha russa: "I have a dreaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaam!"

Quanto a Seguro, reagiu como se esperava: perante o desafio e ofensa à dignidade, feito pelo seu eterno rival, sacou dos estatutos e faltou ao duelo com um atestado médico. Em vez de atacar com os archeiros, Seguro mandou avançar o pelotão da burocracia. Tó Zé tentava impedir a revolução com um carimbo: "Se queres andar à pancada comigo, primeiro tens de preencher estes seis certificados - reconhecidos no notário - e tens de ter o boletim de vacinas em dia." Há momentos que definem líderes, e tentar evitar a batalha, alegando que o Cavalo de Tróia não tinha dístico de estacionamento, não vai dar tema para lendas.

Se Costa escolheu fazer um anúncio à Aníbal, Seguro resolveu seguir a estratégia do Governo (quando também é confrontado com os ataques do PS). O líder do PS começou por apregoar aos sete ventos a "grande vitória" (por apenas 3 pontos), um clássico muito usado pelo Governo na leitura dos números do desemprego. Os apoiantes de Seguro apareceram a falar no melhor resultado dos últimos 10 anos, como se nada de especial se tivesse passado nos últimos 3. De repente, já não houve o pior Governo de todos os tempos: "Epá, os outros gajos têm governado muita bem, e está tudo rico, já é um feito termos mais 3 pontos". A "grande vitória do PS" é o equivalente ao "Portugal está melhor". Seguro pode achar que o PS está melhor, mas os socialistas sentem que estão muito pior.

Para terminar, Seguro, tal como o Governo, não se demite, e as razões que apresenta são as mesmas que o Governo utiliza para refutar as exigências de Seguro: "Fomos eleitos até 2015". Como diria o líder da oposição: "Já vai tarde."

Entretanto, do lado da Aliança, fazem festa em tempo que devia ser de luto. Levar uma pancada histórica dos eleitores e aparecer na televisão a sorrir mostra que não aprenderam nada. Por outro lado, as constantes declarações de apoio a Seguro, ou de crítica à actuação de Costa, por parte de tantos dirigentes do Partido Social Democrata , leva-me a pensar que, em vez de perder tempo a analisar a derrota histórica, o PSD vai marcar um congresso extraordinário para discutir a liderança do PS.

Marinho e Pinto continua a sorrir.

TOP 5
Grandes vitórias

 1  Scolari: "Figo foi o melhor capitão que eu tive" - e o contabilista do Figo também foi o melhor q' já tive, né.


 2  "O grande destaque vai para a vitória da FN em França" - não se via uma vitória destas desde 14 de Junho de 1940 (quando o exército alemão ocupou Paris). É um desfecho inesperado para a velha série "Alô, Alô" - bem que o René achava que não valia a pena as chatices.



 3  Balsemão leva ministro Paulo Macedo e a deputada socialista Inês de Medeiros a Bilderberg - porque é que o Balsemão não levou o Quaresma?! Ou o Adrien?!


 4  GNR gastou quase meio milhão em limpeza das cavalariças da unidade de segurança em 2013 - que pena os cavalos não evacuarem tampinhas.

 5  Eleições Europeias, Extrema-direita cresce de norte a sul - olhando para outros resultados eleitorais, por essa Europa fora, dou por mim a pensar: pode ser que voltemos às Cruzadas; éramos bons nisso.

João Quadros, aqui