A minha amiga Maggie gosta de dizer que não há homens impotentes, mas mulheres incompetentes.
Tendo a concordar com esta declaração, se ela não for levada à letra, mas entendida como um misto de provocação e alerta. E adaptando esta máxima ao desinteresse que a generalidade das pessoas estão a votar ao segundo maior exercício democrático do Mundo (o primeiro é o da Índia), eu diria que não há eleitores impotentes, mas políticos incompetentes.
Da União Europeia, com 508 milhões de habitantes e 28 estados, de que somos membros há 28 anos, sabemos muito pouco. Sabemos, por alto, que tem sido um excelente negócio.
No final do QREN 2020, teremos recebido mais de 100 mil milhões de euros. Este jackpot no Euromilhões dos estados ajuda a perceber por que é que, de acordo com estudo da Católica, 52% dos portugueses concordariam, na boa, em ser governados por Bruxelas, apesar de mais de 60% não acertarem num único nome dos nossos eurodeputados
A construção europeia encalhou, talvez porque a começámos pelo telhado ao fazer a união monetária antes da união fiscal e bancária. Em cima da mesa estão assuntos como o federalismo, o caminho para uma Constituição europeia, o crescimento dos movimentos de extrema-direita em reação aos fluxos migratórios, a tensão entre o Norte protestante e o Sul católico, etc., etc. Ouviram falar de alguns destes temas nesta primeira semana da campanha?
Apesar do presidente da República ter apelado aos partidos para discutirem as orientações da política europeia, os estados maiores não lhe ligaram nenhuma e nacionalizaram a campanha, centrando a discussão em questões não europeias, tentando enganar-nos ao transformar as Europeias 2014 numa primeira volta das Legislativas de 2015.
Seguro tenta federar o descontentamento gerado por três anos de austeridade, apelando ao voto útil contra o Governo, na esperança de chegar aos 40%, a percentagem mágica que obriga os seus opositores internos a embainharem as facas.
Passos, que já se esqueceu da promessa "que se lixem as eleições", tenta capitalizar a "saída limpa" e a imagem de grande saneador das finanças públicas - o outro que ganhou essa fama acabou postumamente eleito o português do séc. XX pelos telespectadores da RTP.
Como eleitor, sinto que os partidos estão a tentar enganar-me. Por isso, não lhes vou dar troco. O mais provável é que a 25 proteste ativa (votando branco) ou preguiçosamente (abstendo-me). Como não há eleitores impotentes, mas políticos incompetentes, a incompetência dos partidos devia ser castigada aproveitando ideia (recentemente arejada por Rui Rio) de abstenções e votos nulos elegeram lugares vazios no Parlamento. Se fosse já assim, se calhar no domingo não seriam eleitos 21 eurodeputados, mas apenas uns oito ou nove....
Retirada daqui