quinta-feira, 3 de abril de 2014

CRÓNICAS DO INFERNO

PAÍS "INSEGURO”
Muitos noticiários das televisões portuguesas têm, como primeira notícia, um crime.

Assaltos a bombas de gasolina, ourivesarias, bancos.

Depois, claro, é ver alguns dos nossos políticos, principalmente aqueles que são representantes dos partidos mais demagógicos, a defender o aumento das penas, a alteração das leis, a necessidade de mais polícias.

Todos eles sabem que Portugal é o país da Europa com mais baixa taxa de criminalidade, com o maior número de presos e aquele onde as penas efectivamente cumpridas são as mais elevadas.

Nada disso interessa para esses “representantes do povo”.

O que é necessário é fazer passar a ideia de que vivemos num país inseguro. Num país de crime a cada esquina.

No entanto, estudos demonstram que há mais homicídios em Madrid, numa semana, do que em Portugal durante todo um ano.

Que no Rio de Janeiro há mais assaltos numa manhã do que em Portugal durante cinco anos.

Que em S. Paulo há mais assassinatos num dia do que em dois anos em Portugal.

Mas os nossos políticos não conhecem essas notícias. Não estudam relatórios. Não se preocupam com a verdade.

O que é preciso é recolher votos a qualquer preço.

No que são apoiados por alguma comunicação social sedenta de sangue e grandes parangonas.

Por isso, durante onze meses por ano, é ver os candidatos a qualquer lugarzinho do Poder, entrando esbaforidos por tudo o que é feira, mercado, praças, gritando pela necessidade de combater o crime neste país à mercê de bandidos.

Alertam os velhos para a necessidade de se trancarem em casa e não abrirem as portas antes de chamar a polícia. Os comerciantes para terem alarmes sofisticados. Os cidadãos para terem cuidados extremos com “desconhecidos”.

Onze meses de tortura. “Trabalho” intenso. Tarefas hercúleas.

Depois, porque o corpo não é de ferro, gozam um mês de férias que os preparará para os combates futuros.

E que local calmo escolhem esses génios para a sua recuperação?

O Brasil!

O grande comediante Groucho Marx diria: "A política é a arte de procurar problemas, encontrá-los em todos os lados, diagnosticá-los incorrectamente e aplicar as piores soluções."

Eu, a quem me falta cultura para frases destas, direi simplesmente que, ao contrário do que se possa pensar, NÃO temos nem a comunicação social nem os políticos que merecemos.

Dê Moníaco, no 'Região Bairradina' de 2 de Abril de 2014