sábado, 8 de março de 2014

CRISE DE VALORES

A violência doméstica, física, psicológica, financeira, sexual e  até a negligência, é mais uma das muitas vergonhas nacionais, como ser um dos países mais pobres da União Europeia, ocupando o 9º lugar; o banco do Estado, Caixa Geral de Depósitos, ter dado um prejuízo de mais de 800 milhões de euros, no ano transacto, apesar dos partidos da governação terem nomeado mais quatro administradores, (que estiveram lá a fazer?); governo e câmaras esquecerem-se que cada vez as casas e terrenos valem  menos, mas idosos e novos têm de pagar o mesmo IMI, com língua de palmo, se não for mais

O Fisco não tem tempo para fazer e repor a justiça, mas pula e avança sobre uns e outros. 

Só pensa em cobrar, não cuida dos interesses das pessoas. Também a empresa das águas do distrito de Aveiro, que foi formada a pensar no encaixe de uns tantos administradores, à custa do empobrecimento das fontes de receita das Câmaras e da aplicação de uma tarifa pesada, quase o triplo, leva os idosos às lágrimas. 

Pois é, os idosos da minha geração, que teve de ir à guerra e comeu o pão que o diabo amassou, vê-se e deseja-se para viver honestamente feliz num país limpo, digno desse nome. Há idosos que com as suas poupanças (quantas vezes lhe são subtraídas para manutenção de vícios) têm de ajudar a matar a fome a filhos e netos, quando não levam porrada e é a própria família a roubá-los e matá-los. Um governo e uma sociedade que assim tratam os seus idosos vivem uma terrível crise de valores.


Mais. Para além daquele tipo de violências, ainda se vêem brutalmente espoliados nas suas pensões, medida que, afinal, não será transitória. Veio para ficar, tal qual a austeridade. Curiosamente Jerónimo de Sousa, antes da Troika vir, já agoirava: vinha aí mais austeridade. Retirando-lhe a carga demagógica, talvez tenha razão. 

Houve nota positiva, (também um balde de água fria no exagerado entusiasmo do governo), mas este ainda não abriu o pano escuro. Por pura conveniência? Não admira que as vítimas sejam as mesmas, quando é mais do que tempo para emagrecer o Estado no tocante a fundações e observatórios, às centenas, rendas, subvenções, luxuosas pensões, diminuição do número de deputados, assessores e especialistas (de nada), reformas estruturais. 

Mas com pés e cabeça.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 6 de Março de 2013