A criação artística não é um ato isolado mas um processo... não é um rasgo súbito mas um trabalho árduo que consome forças e talentos. Leva tempo, extrai-se da vida. É um trabalho de amor. Como quem cria um filho...
Existem vários mundos. O natural, o íntimo pessoal, o humano e o absoluto. Cada homem vive em todos.
Cada mundo tem os seus conteúdos, formas e lógicas.
A criação dá-se entre a impressão e a expressão. Pela primeira, alguém sente a realidade no seu íntimo, é tocado pelo que há no mundo. Pela expressão (artística) leva-se a intimidade ao mundo, entregando-lhe o que há de belo no fundo de si. Uma respiração de dar e receber. O artista inspira-se no mundo, cria, e depois oferece-se, qual fonte de um sublime que é tão seu quanto do absoluto.
O belo é uma harmonia que o artista define entre os vários mundos. Liga-os. Revela que o interior de cada homem têm profundidades que tocam nas profundidades dos outros, que há um caminho simples por onde chega ao mais profundo do outro... e assim, na admiração da vida em geral emerge a certeza de que há um caminho por onde se chega ao essencial. Pressentindo-o a cada passo a verdade do amor. Como se o esplendor da beleza fosse a estrela que orienta o caminho.
A arte é a produção de objetos capazes de levar prazer verdadeiro à sensibilidade humana. Seja com palavras, pedras ou formas, a experiência artística é um prazer verdadeiro que resulta da capacidade de encontrarmos as pontes entre os diferentes mundos... o que há de mim no outro? e do outro em mim? o que tenho de natural? e de divino? sou parte essencial da natureza? e da divindade? o que há de comum em tudo?
Deixar-se tocar pelo mundo é uma arte, ao alcance de todos. Quem com a beleza se encontra... nela se descobre.
A criação artística não é um ato isolado mas um processo... não é um rasgo súbito mas um trabalho árduo que consome forças e talentos. Leva tempo, extrai-se da vida. É um trabalho de amor. Como quem cria um filho...
Escultores, pintores, poetas e músicos, tal como espelhos, revelam-nos o homem a si mesmo... expondo a fonte da nossa própria vida, o sublime que nos anima.
A vida de um homem é sempre a sua obra-prima. Faz-se de gestos autênticos, razões e afetos, sonhos e fé, numa unidade tão original quanto valiosa....
Depois da criação, há que compreender que a arte escapa às mãos de quem a criou, voará por si só... e chegará longe... tocará outros que hão de, talvez, reproduzi-la no seu íntimo... integrá-la em si.
A beleza é sempre simples e boa. O esplendor da vida é a generosidade imensa com que nos presenteia de momentos de outros mundos... um detalhe com 2 pedras, a ideia de 2 palavras, um silêncio entre 2 notas... um sorriso, um toque, um olhar.
É a imaginação que precede e determina o real.
Na arte, a sensibilidade funde-se com a espiritualidade. Compreende-se que todos os mundos são um só... e que o caminho, a verdade e a vida que há em cada uma das mais pequenas partes é, afinal, o amor!
José Luis Nunes Martins, aqui