As greves estão na agenda de todos os que aderem, por meras
razões ideológicas ou porque a austeridade é de tal modo que põe a fome na mesa
de todos os dias ou mil dificuldades de sobrevivência.
As greves são rio que
não estanca, que tem uma foz mas nunca se sabe onde pode desaguar. As medidas
de austeridade, inscritas no Orçamento do Estado para 2014, são o motivo desta
vaga de contestação. Até os patrões alertam para os perigos.
Não se
confia no governo, tão pouco na oposição, que não é séria, joga apenas nos seus
interesses, tanto hoje como ontem e o povo parece acreditar nos vendedores de
promessas e demagogias, nas soluções simplistas e irresponsáveis.
O cardeal
emérito, José Policarpo, falando na conferência “Caridade é a Fé em acção”,
reportando-se à ligeireza de uns e à propositada ignorância de outros, teve a
coragem de afirmar que a oposição fala, mas não apresenta soluções para as
imensas dificuldades nacionais: “parece que ninguém sabe que Portugal está numa
crise e dá a ideia de que todos reagem como se o Estado pudesse satisfazer as
suas reivindicações”, quando não tem condições para fazê-lo.
O governo só tem
mês e meio de autonomia financeira, no caso do incumprimento das metas impostas
pela Troika. Seria o descalabro total, não haveria dinheiro para pagar salários
e pensões. Disse ainda que “se todos pusessem em primeiro lugar o bem comum e
fizessem qualquer coisa que ajudasse a resolver o problema, estou convencido que
isto nos custaria metade do preço e do sofrimento”.
Mas para ajudar a
engordar a crise, aí está “a quinzena de
luta”, centrada na catadupa de greves: Transportes (Metro de Lisboa, 31/10;
Transtejo e Soflusa, 3/11); Refer, 6/11; CP, 7/11), empresas públicas,
deficitárias, mas com administradores a ganhar ordenados principescos, que o
povo paga, voltando às ruas no dia 9.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 31 de Outubro de 2013