O próximo
ano vai ser terrível para os portugueses, que há muito estão pelos cabelos.
Assim está escrito no Orçamento do Estado (OE). Como sempre, mais para uns do
que para os outros. Mais danoso para os que já estão tão esmagados pelos impostos,
pensionistas e reformados e funcionários públicos, que têm de aguentar cortes
de 4 mil milhões.
Mais suave para os que têm muito e para os que ainda
continuam com gordas mordomias, para os 58 gestores públicos que ganham bem
mais do que Passos, os políticos subvencionados, (saibam que os políticos não
pagam IMI das casas que têm, mais uma vergonha nacional), os administradores
das empresas estatais (Carris, CP, Porto de Lisboa) que, em vez de sentirem
menos nos bolsos, vêem os seus vencimentos aumentados em 65%, quando não
apresentam lucros, autênticas orgias financeiras.
Enquanto isso, só os
assessores, conselheiros e motoristas de Passos nos custam cerca de 150 mil
euros/mês. A melhor ilustração do que aí vem foi publicada na edição do JN de
10 de Outubro: grande cilindro em cuja armadura de ferro estava escrito
Orçamento do Estado. Sim, vamos ser cilindrados e não restarão muitos ossos
direitos, esmagados por decisões sobre as mesmas vítimas, e nesse aspecto,
imorais e iníquas, caso das pensões de sobrevivência. “Duro, mas mais
equilibrado” é como a ministra das Finanças define o OE, mas a Banca, as PPP,
rendas de energia e economia paralela continuam quase intocáveis.
Eu direi
duríssimo, a austeridade volta a penalizar, de forma brutal, funcionários
públicos e pensionistas, com cortes a partir dos 600 euros, enquanto a tímida
retoma, sem nenhum oxigénio, não vai ser suficiente para reduzir o desemprego e
o crescimento de receitas.
A meta do défice, 4%, não será cumprida, apesar do
esbulho brutal. Não é significativa a baixa do IRC de 2 pontos. Não há
empresário nenhum que queira investir num país de greves constantes., enquanto
o IRS é bicho voraz que vem comer-nos à mão até as próprias migalhas.
É sempre
a pagar, mas a dívida pública, apesar disso, tem continuado a subir. Subirá
mais ainda. Portugal é um barco à deriva, sem rumo, com muitos políticos, mas
sem um único estadista. Tudo igual, a mesma espuma, a mesma babugem.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 24 de Outubro de 2013