quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ROTINAS DE EMBALAR


Tudo se torna monótono quando não sabemos renovar o entusiasmo e permitimos que as nossas preguiçosas habituações nos embalem.

Poucas vezes ousamos trocar o certo pelo incerto. Os outros não esperam nem admiram grandes liberdades... o normal é quase sempre preferível ao sonho.

Há gente que se acomoda a circunstâncias assustadoras, tornando quase naturais condutas e situações estranhas à sua essência original, tudo em nome de uma aceitação social sem valor.

A nossa identidade constrói-se pelo que fazemos. Assim, quando nos deixamos prender e arrastar pelas algemas da monotonia, muitos de nós perdem a oportunidade de uma existência plena por não ousarem remar contra as suas próprias marés de costumes e tradições...

Repetimos até (o que no início eram) emoções... quando, na verdade, nunca se ama por hábito nem se gosta por tradição. Há tantas pessoas enganadas quanto ao que sentem... convencem-se de que amanhã sentirão o mesmo que ontem... sem que, hoje, precisem de fazer coisa alguma.

Iludidos, alimentamos falsas esperanças, sem nos apercebermos que seguimos embalados – a velocidade crescente – rumo a um nada que promete dar-nos a felicidade que não temos...

Embalados, como que nos fechamos numa qualquer embalagem, de onde parece impossível sair, porque nos fizemos escravos das nossas próprias fraquezas...

Embalados, deixamo-nos adormecer, baloiçando na sensação agradável de voltar sempre aos mesmos sítios...

Dizem que nunca se muda para melhor...

José Luís Nunes Martins, aqui