quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O RESPEITO É UMA COISA MUITO BONITA

Fã da sabedoria popular, procuro não fazer aos outros aquilo que não gostaria que me fizessem a mim, pelo que, mesmo sabendo que corro o risco de exagerar nos "por favor", "muito obrigado" e "desculpas", esforço-me bastante por tratar toda a gente com a maior educação e respeito, na expectativa de, na volta, receber um tratamento idêntico.

Infelizmente essa minha expectativa nem sempre é concretizada, o que amiúde me obriga a recorrer ao princípio básico da reciprocidade, pois se uma pessoa não se dá ao respeito, não tarda nada a dar por si vítima de abusos por parte de pessoas habituadas a quererem tomar--nos o braço mal nós acabamos de lhes dar a mão.

Palavra algo difícil de pronunciar e que não está na moda (os juízes do Tribunal Constitucional preferem encher a boca com o vocábulo "equidade", a qual nem sempre preside ao teor dos seus acórdãos), a reciprocidade é um princípio conhecido e praticado há uns bons 40 séculos, uma vez que constava do célebre código de Hamurabi, que regulava a administração da Justiça no velho reino da Babilónia.

Apesar de favorável ao princípio geral do "olho por olho, dente por dente", não sou fundamentalista da Lei de Talião ao ponto de defender que os criminosos incendiários do Caramulo, assassinos dos bombeiros Ana Rita, Cátia e Bernardo, sejam queimados vivos numa fogueira. Mas apenas porque sou contra a pena de morte. Se fosse eu a julgar, esses selvagens ficavam a apodrecer numa prisão infeta até à conclusão dos seus dias.

O princípio da reciprocidade aplica-se a todas as esferas do comportamento em sociedade. Se me tratam por tu, eu devolvo imediatamente esse tratamento. E sou absolutamente incapaz de tutear alguém que me trata por você.

Se, apesar da machadada que o dr. Relvas deu no prestígio do uso dos títulos académicos, alguém persiste em me chamar doutor (tratamento que desaconselho vivamente), eu retribuo com um doutor, engenheiro, arquiteto, embaixador, tenente-coronel, comendador - ou tão-só um cerimonioso senhor.

Se sinto que o meu trabalho é respeitado, tenho por hábito nunca dizer "não" quando me pedem um esforço suplementar. Mas como o respeito é uma estrada com dois sentidos (a vida compreende momentos para dar e momentos para receber), a palavra "não" volta a fazer parte do meu vocabulário mal reparo que não estou a ser respeitado.

Se um político quer ser respeitado tem de o merecer, o que implica respeitar os cidadãos. Para ser respeitado, um chefe tem de o merecer, o que implica respeitar os seus subordinados. 

Para merecer ser respeitado, um juiz tem de respeitar as leis, os advogados, polícias, procuradores, testemunhas e arguidos. O respeito pelos outros é uma coisa muito bonita. 

A ausência dele é uma praga que mina a nossa sociedade.

Retirada daqui