segunda-feira, 23 de setembro de 2013

E AS AUTÁRQUICAS?


Era suposto estarmos em campanha autárquica

Mas estamos claramente em campanha, à la longue, para as legislativas. Nas ruas não se discutem as cidades, nem as regiões. E os futuros autarcas são figuras secundárias. Tudo está resumido a um confronto de líderes e a escrutínio à situação do País e às relações de e com a troika. 

Pode discutir-se se é positiva ou negativa a abordagem em curso, mas não há dúvidas de que terá consequências nos resultados finais. Pelas quais os protagonistas serão responsáveis.

António José Seguro começou por mostrar fragilidade na sua ambição eleitoral, não se percebe ainda se por tática ou verdadeiro receio. Mas depois foi o primeiro a reagir aos efeitos que a leitura restritiva da Comissão Nacional de Eleições colocou às televisões e a aproveitar o "tapete vermelho". 

Cometeu dois erros infantis em Lisboa, ao falhar os momentos importantes da candidatura de António Costa. Viu o seu ambicioso adversário interno cavalgar politicamente essa sua ausência rodeado de figuras de todas as alas que formam o PS. Mas depois "arruou" ao seu lado e a partir daí nunca mais parou de fazer promessas de norte a sul, ainda que continue sem explicar onde irá buscar o dinheiro para as cumprir ou como vai convencer os nossos credores a ceder-lhe.

Marco António Costa despiu a camisa de forças usada e recomendada no Governo e vestiu o fato de macaco do partido "copiando" o CDS. Simulou, para consumo interno, uma demarcação do PSD em relação ao FMI, aproveitando o rol sucessivo de contradições da instituição. E deixou para o seu antecessor, agora ministro, o papel de relações externas, marcadas pelo respeitinho pela troika. E essa, que até está por cá a assistir ao espetáculo, deve pensar que está perante um bando de loucos e responde à altura.

Não se discute uma rotunda, nem uma nova estrada, quanto mais a recuperação económica de uma cidade. Questiona-se apenas se será necessário um segundo resgaste e porque nos castigam os mercados com juros altos quando surgem os primeiros sinais de retoma. Além de se suplicarem umas décimas de flexibilização do défice.

Com uma campanha assim, o País que dia 29 vai a votos e que à frente só terá boletins com os símbolos dos partidos ou dos movimentos dos dissidentes - perdão, independentes - tenderá a referendar muito mais o País que a sua terra. E isso não é necessariamente bom.

Filomena Martins, aqui