Cavaco Silva (PR) colocou todo
o empenho no acordo entre os três partidos que assinaram o memorando da Troika,
desejando que, mediante conversações, assumissem um compromisso de salvação
nacional. Meta difícil de alcançar, como era previsível.
Posturas antagónicas,
coligação defendendo as metas impostas, Seguro, mãos largas, como mostrou no
anúncio do fracasso. Aliciante, populista, demagógico, mas não disse onde iria
buscar o dinheiro.
Cavaco apostou tudo, até lhe deu as eleições antecipadas de um ano, acreditou até ao fim, à beira das águas limpas das Ilhas Selvagens, mas Seguro não quis acordo. Sempre disse que não ia engolir o que vinha afirmando. Ou não pode.
Cavaco apostou tudo, até lhe deu as eleições antecipadas de um ano, acreditou até ao fim, à beira das águas limpas das Ilhas Selvagens, mas Seguro não quis acordo. Sempre disse que não ia engolir o que vinha afirmando. Ou não pode.
Creio que, por ele, até chegaria lá, mas o cerco que lhe foi
montado impediu-o. Soares, trocando cartas com ele, ameaçando cisão, não podia
haver acordo, o PS nunca poderia dar vida a um governo morto. Soares e outros
iguais, pondo o partido acima dos interesses do país. Cercado, faltou-lhe a
coragem de um verdadeiro líder, teve medo da cisão no partido e vir a perder o
lugar.
Preferiu continuar a vender promessas que, tal como Passos, jamais
cumprirá, e “entalar” Cavaco, que, apesar disso, elogiou o diálogo e o esforço
de entendimento, que mais tarde ou mais cedo tem de haver. Mas foi mais uma
semana em que os políticos de prático nada produziram. Como é óbvio, apontam
culpas uns aos outros, quando nenhum é inocente. Todos ficaram mal na
fotografia. Muita gente pedia que se entendessem.
O PR, que anunciara ter
outras soluções, não as apresentou no seu discurso, e teve de aceitar o
governo, remodelado, coeso e estável, de que mostrara não gostar. Agora mais
voltado para a vertente económica e social, o diálogo com o PS e os parceiros
sociais e sob o seu olhar vigilante, a não permitir baldas.
Ambos os líderes, apanharam
um grande susto e devem ter aprendido alguma coisa. Basta de veleidades,
brincadeiras, amuos, todos a falar para o monte e fé na Troika. Que toda esta
crise, que teve o epicentro na demissão de Gaspar e na garotice de Portas que
agora até já aceita trabalhar com a Maria Luis Albuquerque, sirva de lição.
Se
até ganharam algum fôlego (até com a moção de censura dos Verdes), compete-lhes
saber agora tirar partido.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 25 de Julho de 2013