sábado, 29 de junho de 2013

JÁ NÃO É AMBIENTE. É SAÚDE.

Nestes tempos difíceis, as marcas perceberam que a melhor promessa que podem fazer está assente no nosso bem mais precioso - a saúde -, aquele que não tem preço.

Durante anos, as marcas apostaram no ambiente. Queriam mostrar aos públicos as suas preocupações ambientais, proclamando as práticas exercidas num real contributo para um mundo melhor, um mundo mais verde. 


O papel poupado graças aos extractos digitais, as árvores plantadas, o material reciclado, a pegada verde e outras conquistas do género comprovavam o exercício de uma política de sustentabilidade ambiental exemplar.

E o consumidor passou não só a exigir esse posicionamento da marca, como rapidamente se tornou participativo e cooperante nas iniciativas promovidas em prol do ambiente.

É dado adquirido: precisamos preservar o planeta. E Al Gore terminou a percorrer o mundo com "Uma Verdade Inconveniente", documentário sobre as mudanças climáticas que lhe valeu um Óscar em 2007.

Tal como a sustentabilidade ambiental, o marketing em saúde regista há décadas uma enorme importância e crescente sofisticação.

Mas a crise económica alavancou a saúde para o primeiro plano da comunicação. O território saúde tornou-se vital para as marcas e as organizações. E fundamental para o consumidor.

"Haja saúde!" é uma frase que ouvimos toda a vida, muitas vezes para nos consolar de outras preocupações e tormentas.

Nestes tempos difíceis, as marcas perceberam que a melhor promessa que podem fazer está assente no nosso bem mais precioso - a saúde - aquele que não tem preço.

As marcas querem comunicar quais os seus reais contributos para a promoção de uma vida saudável.
Organizações dos mais variados sectores procuram selos de credibilidade conferidos por prescritores credíveis - profissionais de saúde, sociedades médico-científicas, indústria, entidades governamentais, associações de doentes, cuidadores -, promovem iniciativas e sessões de sensibilização: corridas, maratonas, workshops, rastreios? Enfim, educam o consumidor. assinam com a promessa de uma vida saudável.

"E se nos levantarmos?" é a nova campanha da Coca-Cola, que pretende consciencializar para a gravidade do problema do sedentarismo e ajudar a prevenir o excesso de peso.

O projecto Movimento Hiper Saudável, desenvolvido pelo Continente, e a campanha A McDonald's com Portugal - que assinala o seu contributo para o desenvolvimento económico do país e para uma alimentação baseada em produtos e ingredientes saudáveis -, são outros dos inúmeros exemplos que aqui poderia dar.

Correr está na moda e faz bem à saúde. E assim temos a Corrida da Mulher da EDP, o BES Run Challeng3, o Free Run Lisboa da Nike, as corridas pelo coração, contra a obesidade,?, os passeios e as marchas com milhares de apoios e patrocinadores.

Até nas áreas da estética e da cosmética os produtos se posicionam menos no território da beleza e cada vez mais no de saúde e bem-estar - Para uma pele saudável.

Os públicos exigem às marcas credenciais - provas de que se preocupam com a sua saúde e a qualidade de vida. O preço continua a ser relevante, mas a associação a temas de vida saudável é uma mais-valia muito poderosa em termos de opinião e decisão.

Eu, naturalmente, acredito e defendo as relações públicas enquanto disciplina fundamental para a comunicação em qualquer sector.

Comunicar saúde é sensível. Tem regras próprias. Exige um conhecimento profundo da matéria, dos players, expertise e profissionalismo ao mais alto nível. O caminho certo será sempre envolver todos os agentes que operam neste sector para se obter uma mensagem concertada e construtiva.

Estou convencida de que a saúde vai ganhar ainda muito mais peso no marketing, e de que a comunicação em saúde apostará cada vez mais nas relações públicas. Ainda bem. É a única disciplina que consegue trabalhar com todos e para todos estes públicos, utilizando diferentes ferramentas, contribuindo para a construção de informação sustentável, numa perspectiva integrada e multidisciplinar.

Será que vamos ter Mitt Romney a sagrar-se vencedor do Óscar do melhor documentário, tipo "A Grande Verdade para Ter Saúde "?

Catarina Vasconcelos, aqui