Desde que a Europa nos pagou para arrancarmos vinhas e
olivais e meter ao fundo os nossos navios de pesca; desde que o Estado pagou
para alguns estarem sentados, foi nesses momentos que começámos a cavar o nosso
buraco, que vinha já das reformas agrárias e nacionalizações, após Abril, vivendo
acima das nossas possibilidades e das ilusões, com governos idiotas,
descontrolando contas, espatifando dinheiros públicos, criando o pântano em que
nos tornámos, de que agora quer saltar Coelho e seus pares, mas o que se
afigura é não mais tirarmos o pé da lama, ainda que os esforços sejam enormes,
esticados ao limite.
O novo plano de austeridade continua implacável. Cada vez o pacote é maior (mais 3,5 mil milhões de euros). Com repetição de erro crasso: atinge sempre os mesmos, reformados e funcionários públicos. Gaspar é cego e autista e Passos continua a explicar mal as medidas concretas e razões.
O novo plano de austeridade continua implacável. Cada vez o pacote é maior (mais 3,5 mil milhões de euros). Com repetição de erro crasso: atinge sempre os mesmos, reformados e funcionários públicos. Gaspar é cego e autista e Passos continua a explicar mal as medidas concretas e razões.
Dada a
divergência entre o CDS e o PSD, também Portas quis justificar as medidas e o
esforço para minimizar as taxas sobre as pensões. Pode até vir a acontecer que
a medida seja posta no cesto do lixo tóxico, como aconteceu com a TSU. Gaspar
já manda menos, com alívio para ministros do PSD.
Não se compreende que o
primeiro-ministro e um ministro de Estado venham falar sobre o mesmo assunto
com vantagem dupla para Portas: não só explica melhor, mas faz por mostrar que
não é pau-mandado do PSD, entre amuos, ausências e declarações. Espectáculo
pobre e deprimente. Mas também não se percebe muito bem como a TVI se permite
ouvir Seguro, cada vez mais radical e menos disposto a consensos, o que quer
mesmo são eleições, sobre a intervenção de Passos, no mesmo horário
informativo.
Enquanto isso, mais buracões, as swaps nas empresas públicas, o
grande sorvedouro do tempo de Sócrates. Com o Banco de Portugal a dormir.
Há coisas que deveriam ter começado ao contrário: as boas
práticas dos consensos, não só os de “conveniência”; a reforma do Estado, o
ataque aos bolsos dos grandes interesses, o corte nas suas gorduras e nos
desperdícios que ainda abundam em todo o lado.
Por isso, o país continua de
pernas para o ar.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 8 de Maio de 2013
