sábado, 20 de abril de 2013

RUI RIO: 'GOVERNO QUER FECHAR O PAÍS'


O presidente da Câmara do Porto culpou hoje o Governo pelo chumbo das contas da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU), acusando-o de não entender "como funciona a economia" e questionando se "a ideia é fechar o país".


"Se o Governo entende que a reabilitação urbana do Porto está a correr mal, é dramático para o país. É difícil encontrar um projeto de investimento público com um efeito multiplicador desta natureza ao nível do investimento privado ou da criação de emprego. Se assim for, não sei se a ideia é fechar o país", observou Rui Rio.


Lamentando que o Governo classifique como "prejuízo" o que é "investimento" da SRU-Porto Vivo, o autarca alertou que, desse ponto de vista, "também é um prejuízo fazer uma escola ou comprar livros para as crianças".

Para Rio, quando o Governo entende ser muito "dar um milhão de euros por ano à reabilitação urbana da segunda cidade do país, que já arrastou mais de 500 milhões de euros [de privados], o que podemos dizer é que não entendem como funciona a economia".

"Serei dos últimos na política portuguesa a quem vêm ensinar o que é contenção de custos. Sei o que é. Mas também sei o equilíbrio entre contenção, investimento, crescimento, luta contra o desemprego e atender ao drama social que as pessoas estão a viver. Ou a economia arranca ou ainda vai haver mais outras a sofrer. 

Exige-se capacidade política e capacidade técnica. Isto é grave", afirmou.

Rio falava aos jornalistas depois do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), acionista maioritário (60%) e representante do Estado na empresa, ter chumbado as suas contas de 2012, notando que o problema agora é "político".

"Pergunto aos portugueses e não só aos que estão desempregados: se aparecesse um projeto em que o Estado põe 6 milhões de euros mas isto arrasta 100 milhões de investimento privado, cria emprego e dinamiza a economia, as pessoas diziam que não e chamavam a isto prejuízo?", questionou.

"Temos de dominar os conceitos se queremos governar o país dentro do que é razoável", avisou.

Rio exemplificou com o Quarteirão das Cardosas, onde "o investimento público da SRU, a que estão a chamar prejuízo, foi de 5,5 milhões de euros" que arrastou "mais de 90 milhões de euros de investimento privado".

Para o autarca, o Governo tem de esclarecer "se quer continuar a apoiar a reabilitação urbana da Baixa do Porto ou se quer virar costas e dizer que não é nada com ele", disse.

"Já chega a ser ofensivo para o Porto dizer que isto [o valor de 1 milhão de euros] é demais", vincou o autarca, notando que será ele "e a cidade quem vai ter de resolver" o problema com o Governo.

Acusando o IHRU de "ostensivamente boicotar" a SRU, Rui Rio frisou ter de tratar do problema "num patamar político", tendo como interlocutor o Governo, com quem já falou "muitas vezes" tendo como resultado uma "dificuldade de entendimento brutal".

A reunião da Assembleia Geral (AG) da Porto Vivo esteve rodeada de polémica porque o IHRU avisou que "já não" pretende pagar a dívida de 2,4 milhões de euros à empresa, que não tem presidente desde dezembro, nem aprovar as contas de 2012.

Os dois aspetos são essenciais para a viabilidade da empresa de capitais públicos e colocam em equação a possibilidade da sua extinção ou municipalização.

Ana Meireles, aqui