O presidente da Câmara do Porto culpou hoje
o Governo pelo chumbo das contas da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU),
acusando-o de não entender "como funciona a economia" e questionando se "a ideia
é fechar o país".
"Se o Governo entende que a reabilitação urbana do Porto está a correr mal, é
dramático para o país. É difícil encontrar um projeto de investimento público
com um efeito multiplicador desta natureza ao nível do investimento privado ou
da criação de emprego. Se assim for, não sei se a ideia é fechar o país",
observou Rui Rio.
Lamentando que o Governo classifique como "prejuízo" o que é "investimento" da SRU-Porto Vivo, o autarca alertou que, desse ponto de vista, "também é um prejuízo fazer uma escola ou comprar livros para as crianças".
Lamentando que o Governo classifique como "prejuízo" o que é "investimento" da SRU-Porto Vivo, o autarca alertou que, desse ponto de vista, "também é um prejuízo fazer uma escola ou comprar livros para as crianças".
Para Rio, quando o Governo entende ser muito "dar um milhão de euros por ano
à reabilitação urbana da segunda cidade do país, que já arrastou mais de 500
milhões de euros [de privados], o que podemos dizer é que não entendem como
funciona a economia".
"Serei dos últimos na política portuguesa a quem vêm ensinar o que é
contenção de custos. Sei o que é. Mas também sei o equilíbrio entre contenção,
investimento, crescimento, luta contra o desemprego e atender ao drama social
que as pessoas estão a viver. Ou a economia arranca ou ainda vai haver mais
outras a sofrer.
Exige-se capacidade política e capacidade técnica. Isto é
grave", afirmou.
Rio falava aos jornalistas depois do Instituto da Habitação e da Reabilitação
Urbana (IHRU), acionista maioritário (60%) e representante do Estado na empresa,
ter chumbado as suas contas de 2012, notando que o problema agora é
"político".
"Pergunto aos portugueses e não só aos que estão desempregados: se aparecesse
um projeto em que o Estado põe 6 milhões de euros mas isto arrasta 100 milhões
de investimento privado, cria emprego e dinamiza a economia, as pessoas diziam
que não e chamavam a isto prejuízo?", questionou.
"Temos de dominar os conceitos se queremos governar o país dentro do que é
razoável", avisou.
Rio exemplificou com o Quarteirão das Cardosas, onde "o investimento público
da SRU, a que estão a chamar prejuízo, foi de 5,5 milhões de euros" que arrastou
"mais de 90 milhões de euros de investimento privado".
Para o autarca, o Governo tem de esclarecer "se quer continuar a apoiar a
reabilitação urbana da Baixa do Porto ou se quer virar costas e dizer que não é
nada com ele", disse.
"Já chega a ser ofensivo para o Porto dizer que isto [o valor de 1 milhão de
euros] é demais", vincou o autarca, notando que será ele "e a cidade quem vai
ter de resolver" o problema com o Governo.
Acusando o IHRU de "ostensivamente boicotar" a SRU, Rui Rio frisou ter de
tratar do problema "num patamar político", tendo como interlocutor o Governo,
com quem já falou "muitas vezes" tendo como resultado uma "dificuldade de
entendimento brutal".
A reunião da Assembleia Geral (AG) da Porto Vivo esteve rodeada de polémica
porque o IHRU avisou que "já não" pretende pagar a dívida de 2,4 milhões de
euros à empresa, que não tem presidente desde dezembro, nem aprovar as contas de
2012.
Os dois aspetos são essenciais para a viabilidade da empresa de capitais
públicos e colocam em equação a possibilidade da sua extinção ou
municipalização.
Ana Meireles, aqui