É feio, eu sei, falar bem de coisas que fazemos ou em que estamos diretamente envolvidos.
Por isso a primeira nota para uma declaração de interesse. Fui comissária a convite da Universidade, ou seja, responsável pela estruturação do Programa das Exit Talks (www.exittalks.pt) que no início desta semana tiveram lugar durante dois dias na Universidade de Aveiro.
Mas quando as coisas são mesmo interessantes, correm bem e deixam recomendações importantes passa até a ser uma responsabilidade partilhar as principais ideias.
Mas quando as coisas são mesmo interessantes, correm bem e deixam recomendações importantes passa até a ser uma responsabilidade partilhar as principais ideias.
E a mais importante é mesmo esta: Portugal tem saída!
E tem pela simples razão que todos, mas todos os intervenientes (e foram muitos e de muitos quadrantes) se mostraram absolutamente comprometidos com a ideia de que continuarão a trabalhar, a lutar para crescer e criar emprego, apesar de tudo; apesar da instabilidade fiscal (mais importante do que o valor absoluto da taxa de imposto), da carga burocrática, da deficiente defesa (não é de agora) da marca Portugal, da falta de crédito, da quebra nas economias que são nossas clientes habituais, da valorização do euro (que nos penaliza face a concorrência não comunitária) ou da falta de competitividade fiscal intraeuropeia (o que tanto penaliza a captação de investimento direto estrangeiro).
Sem esta determinação absoluta tudo seria pior. Percebamos portanto que as notícias negativas, o medo que se instala, as situações difíceis que testemunhamos têm e terão sempre nos empresários (pequenos e grandes) deste país o exemplo de uma comunidade resiliente, lutadora e, quase sempre, ganhadora.
Por isso devem ser conhecidos (pequenos e grandes), respeitados e escutados.
No essencial percebemos, nestas conversas sobre exportações, que o país está nos eixos. Ou seja, foi absolutamente possível verificar, através do testemunho e reflexão das empresas intervenientes, que Portugal tem os dois pilares essenciais à produção empresarial bem montados: um Ensino Superior de qualidade, cada vez mais vocacionado para a transferência de conhecimento para as empresas/mercado e um universo empresarial cada vez mais empenhado em ganhar um lugar elevado na cadeia de valor, ou seja, apostado na diferenciação pela inovação, pelo valor acrescentado seja ele de natureza tecnológica, comunicacional ou de serviço.
É visível e é irreversível. Demora é tempo a produzir resultados suficientemente alargados.
Mas a esta visão de longo prazo, a melhor, junta-se já alguma consciência da necessidade de ajudar neste esforço de "quick gains" a que a atual conjuntura obriga.
E mais uma vez desengane-se quem acha que as políticas públicas fazem milagres ou são mesmo essenciais. Uma das ideias mais debatidas (houve quem pedisse, houve quem já fizesse) foi a de que uma grande e rápida ajuda pode vir diretamente das grandes empresas, das que já exportam ou das que já estão internacionalizadas.
Ou seja, as grandes empresas podem ajudar com muita eficácia as PME a aceder a mercados externos. Seja pondo fornecedores em contacto com os mercados onde operam, seja facilitando circuitos e metodologias, seja criando mecanismos de participação no capital de PME que querem tentar abrir os seus mercados ao exterior.
Como é o caso da Mota-Engil Indústria e Inovação , que com a AICEP e a Caixa Geral de Depósitos instituiu um fundo de investimento para apoiar a internacionalização das PME.
Ainda que neste último caso a parceria entre o Estado e as empresas seja virtuosa, a verdade é que o motor central é uma empresa (uma grande empresa) privada que, pela sua força centrípeta pode alavancar muito mais facilmente a abertura aos mercados externos das PME .
Pelo que ouvi, pode fazer-se mais nesta área. As PME pedem-no e as grandes empresas fá-lo-ão.
Por que não apostar, aprender e testar a esta luz por exemplo um setor de capital de risco público que sistematicamente não só não produz resultados como pode mesmo ser obstáculo a estas boas ideias?
Portugal tem pois saída e os portugueses também. Aqui e lá fora. Sem dramatismo, com pressa mas já para além (muito para além) da esperança.
Retirada daqui