Nove vezes nove oitenta e um, sete macacos e tu és um!
Dedicado a uma aprendizagem algo estapafúrdia, a qual passava pela memorização das linhas de comboio - sim, é verdade, existiam em profusão e ainda não tinham sido fechadas por tudo e por nada, incluindo reles razões economicistas - houve um tempo em que o sistema de ensino em Portugal podia não abrir mentes para a vida mas garantia ferramentas de utilidade.
É verdade, nessa altura as calculadoras rareavam e os meninos exercitavam o cérebro à conta da tabuada. E daí o nove vezes nove.
É verdade, nessa altura as calculadoras rareavam e os meninos exercitavam o cérebro à conta da tabuada. E daí o nove vezes nove.
Os tempos mudaram, é claro.
À modernidade bem-vinda juntou-se a mania de considerar anquilosados todos os sistemas usados antes do advento da democracia. Sem um medidor de inteligências mas antes pela via da injeção de malas de dinheiro no sistema de ensino, os meninos passaram a ter outros desígnios, sempre tratados como se estivessem numa redoma de vidro. Tadinhos....
As leituras sobre os resultados de uma tal política divergem. Afinal, nunca a educação foi tão transversal. E resultou numa juventude curricularmente mais bem preparada, com a concomitante queda dos níveis de analfabetismo. Portugal, evidentemente, subiu posições no "ranking" europeu. A unanimidade do saldo positivo só não existe na relação entre o investimento realizado e a benfeitoria adquirida.
Qualidade vs. quantidade faz parte, pois, das contas de um outro rosário.
Apurar o sistema de ensino numa base de estabilidade impõe, naturalmente, mudanças - o que não é contraditório. E critérios mais apertados para garantir excelência.
Queiram ou não muitos paizinhos, queiram ou não muitos professores cujas rotinas os levam a ser resilientes às mudanças, existem áreas a precisar de mais rigor. Português e Matemática são duas disciplinas jamais descartáveis de uma luta sem quartel às facilidades. É imperdoável não saber usar os vocábulos da língua-mãe e não dispor de capacidade cognitiva bastante para umas continhas fora das calculadoras.
Por estes dias, o debate centra-se no novo programa de Matemática para o Ensino Básico proposto pelo Ministério da Educação. Mais arroba menos quintal, a discussão pública do documento faz-se segundo o princípio básico da memorização dos meninos, o que pressupõe a necessidade de mais bom senso. Isto é: menos calculadoras e mais tabuada, a tal do nove vezes nove....
Sim, é positiva a discussão pública do novo programa. Pode não ser um documento acabado. Em todo o caso algumas das reações negativas já emitidas são de todo em todo preocupantes por fazerem a defesa da continuidade de uma via aberta à preguicite - coroada mais tarde com um diplomazeco pouco ou nada reconhecido por uma sociedade cada vez mais e mais competitiva.
Retirada daqui