Perguntam-me os amigos com insistência, às vezes até os desconhecidos: como
vai ser 2013? Estamos fritos e acabados? Estamos a caminho da redenção? Vamos
acabar mal? Bem mal? Infelizmente não estou equipado para lhes responder com
novidades.
O número de desempregados inscritos já chegou aos 710.652 - valores
de dezembro. Os 52 deste número qualquer pessoa conhece pessoalmente. Faça lá as
contas. É essa a medida do que está a acontecer. O desemprego não é um problema
deles, uma questão dos outros, é um drama nosso, chegado. Toca-nos na pele.
Aconteceu a um amigo, a um amigo de um amigo, ao primo, ao irmão.
Isto vai piorar?, insistem em perguntar-me, enquanto me acusam de ter feito desta coluna uma coleção de desgraças do país, desvarios do governo e da oposição, desgraças ministeriais, maus agoiros. Dizem-me: não dás sinais de ânimo, nunca dás - tiras. Há sempre qualquer coisa que. Um lado que. Um aspeto que. Uma informação que. Um número que. Por exemplo: a confiança na Zona Euro subiu em janeiro, sinal de que estamos a sair da maior crise desde a Grande Depressão. Mas o crédito às empresas e às famílias continua a cair, o que - lá está o que - traduz o maior obstáculo à recuperação económica.
Isto vai piorar?, insistem em perguntar-me, enquanto me acusam de ter feito desta coluna uma coleção de desgraças do país, desvarios do governo e da oposição, desgraças ministeriais, maus agoiros. Dizem-me: não dás sinais de ânimo, nunca dás - tiras. Há sempre qualquer coisa que. Um lado que. Um aspeto que. Uma informação que. Um número que. Por exemplo: a confiança na Zona Euro subiu em janeiro, sinal de que estamos a sair da maior crise desde a Grande Depressão. Mas o crédito às empresas e às famílias continua a cair, o que - lá está o que - traduz o maior obstáculo à recuperação económica.
Uma boa notícia vem sempre acompanhada por outra má. Passos Coelho
especializou-se nesta moeda de troca: foi um êxito este regresso aos mercados,
mas a austeridade não vai acabar. Bah! Isto da crise estou até aos olhos. O
desemprego aumenta, as falências disparam, crédito malparado é mato, o país está
afundado, enterrado num estado de desânimo que até para os portugueses é
preocupante.
No meio desta barafunda, procuro o contraponto - onde? onde? -, mas
tudo se agrava por aqui. Chamam-lhe ajustamento económico, como se houvesse
algum conforto e alguma justiça, alguma economia nisto tudo. Não há. Não há
economia. Caímos tão em baixo que ainda não acabámos de cair.
Toda a gente fala de investimento. Toda a gente menos os investidores,
grandes ou pequenos.
Experimentem fazer uma empresa, lançar um projeto, ter uma
ideia, contratar alguém. Façam contas. Vejam os impostos que têm de pagar sobre
o trabalho, sobre o lucro que não vão ter. Sobre os clientes que nunca terão.
Vejam os seguros que têm de fazer e desembolsar. Os fiscais que têm de aturar,
os juros que têm de suportar.
O grande problema é este. Está aqui. Estamos no
último reduto? Passos Coelho esclareceu-nos ontem: "A confiança é uma coisa que
demora a construir o tempo de uma palmeira a crescer... mas destrói-se no tempo
em que caem os cocos." Que sorte termos um governo que semeia coisas exóticas.
André Macedo, aqui
