Porque me doem as cruzes, a figadeira já não é a mesma e... e... ai, queres
ver que me esqueci do que estava a dizer... ah, já me lembro!
Porque há razões
para isso, só agora vou escrever sobre um assunto que veio à baila há duas
semanas. Carlos Peixoto, deputado pela Guarda, deitou crónica no jornal i. Onde
escreveu: "A nossa pátria foi contaminada com a já conhecida peste grisalha." E
acabou assim: "Se assim não for, envelhecemos e apodrecemos com o País."
O resto do texto era sobre não nascerem portugueses suficientes, o que é facto, mas escrito por ângulo insultuoso para os idosos. Daí as tais duas frases em que aos velhos o deputado colou as seguintes ideias: contaminar, peste e apodrecer. Ele disse e foi silêncio.
Na semana seguinte, Peixoto disse que quem aceita "o
casamento homossexual pode também vir a aceitar o casamento entre irmãos, primos
diretos ou pais e filhos...". Foi um escândalo. Ora num país que já foi
governado por D. Maria I, casada com o tio, o que deu com que o seu filho, D.
João VI, fosse primo direito dela e sobrinho-neto do pai, D. Pedro III,
comparações tão tolas como a do Peixoto deveriam levar ao sorriso.
Mas foi um
escândalo, porque com a sua tolice Carlos Peixoto indispôs-se com poderoso
lobby. Já o insulto à peste dos apodrecidos velhos passou incólume... E Carlos
Peixoto apresentar-se-á fresco às próximas eleições, na jovem Guarda, terra de
ganapada, maternidades prenhes e liceus à cunha.
Ferreira Fernandes, aqui