quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

TRAPALHADAS


A colagem ou não à Grécia no que toca à diminuição da comissão e do alargamento do prazo para pagamento de juros, é considerada uma trapalhada.

No final da reunião dos ministros das Finanças de UE, alguém soprou ao Gaspar que Portugal iria ter o mesmo tratamento. Gaspar anunciou na AR. Até que enfim, uma boa notícia. 

Daí a dias,  governo: nem “mais tempo nem mais dinheiro”e um puxão de orelhas europeu: não, não, esse bodo era só para gregos, até que da França e Alemanha vinha aviso: a companhia era muito má para o país.


Muita gente falou. Demais. Cavaco: “Deus nos livre de sermos como a Grécia”, mas, sim, sim, havia que insistir na boleia, era uma questão de equidade. Corroborou Portas e agora já o governo voltava a não descartar essa possibilidade, embora a vantagem seja apenas de 20 milhões. Afinal, em que ficamos? Uma trapalhada à portuguesa que também não abona a Europa.

A nossa política está muito trapalhona, confusa e gente aos berros, sem juízo. Por exemplo, M. Soares, a quem os jornalistas tratam com paninhos de lã e uma imerecida reverência, está cada vez com menos bom senso, sempre no contra. Quer, à viva força, a demissão do governo e até assinou um abaixo-assinado. Em vez de ser apaziguador, uma voz de acalmia, cola-se ao radicalismo de esquerda. 

Posiciona-se como seu líder, sempre com sede de protagonismo. E assim, nesse estado de exaltada fúria contra o governo de direita, tal como BE e PCP, mais parece um político da I República. De contrário, falaria menos e aconselhava a que não sejam rasgados os compromissos assinados com a Troika. Ou o PS nem sabe o que assinou? E até anuncia que Passos corre riscos. De um tiro? Enquanto  Seguro diz que está preparado para governar. 

Tanto como estava Passos. Soares lembra-se de coisas que nem o diabo. Agitador de labaredas, pouco lhe falta para tapar a cara e. um dia destes, infiltrado em qualquer manif, ir para a porta da AR protestar. Ou arremessar pedras. Por que não se cala quem vive com privilégios de rei?

Outra trapalhada é a greve dos estivadores. Com tantos prejuízos causados, num país a sério, ou já estavam a trabalhar ou na rua. Os sindicatos não podem sobrepor-se ao governo e aos interesses do país.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 13 de Dezembro de 2012