A colagem ou não à Grécia no
que toca à diminuição da comissão e do alargamento do prazo para pagamento de
juros, é considerada uma trapalhada.
No final da reunião dos ministros das
Finanças de UE, alguém soprou ao Gaspar que Portugal iria ter o mesmo
tratamento. Gaspar anunciou na AR. Até que enfim, uma boa notícia.
Daí a dias, governo: nem “mais tempo nem mais dinheiro”e
um puxão de orelhas europeu: não, não, esse bodo era só para gregos, até que da
França e Alemanha vinha aviso: a companhia era muito má para o país.
Muita gente falou. Demais. Cavaco: “Deus nos livre de sermos como a Grécia”, mas, sim, sim, havia que insistir na boleia, era uma questão de equidade. Corroborou Portas e agora já o governo voltava a não descartar essa possibilidade, embora a vantagem seja apenas de 20 milhões. Afinal, em que ficamos? Uma trapalhada à portuguesa que também não abona a Europa.
A nossa política está muito
trapalhona, confusa e gente aos berros, sem juízo. Por exemplo, M. Soares, a
quem os jornalistas tratam com paninhos de lã e uma imerecida reverência, está
cada vez com menos bom senso, sempre no contra. Quer, à viva força, a demissão
do governo e até assinou um abaixo-assinado. Em vez de ser apaziguador, uma voz
de acalmia, cola-se ao radicalismo de esquerda.
Posiciona-se como seu líder,
sempre com sede de protagonismo. E assim, nesse estado de exaltada fúria contra
o governo de direita, tal como BE e PCP, mais parece um político da I
República. De contrário, falaria menos e aconselhava a que não sejam rasgados
os compromissos assinados com a Troika. Ou o PS nem sabe o que assinou? E até
anuncia que Passos corre riscos. De um tiro? Enquanto Seguro diz que está preparado para governar.
Tanto como estava Passos. Soares lembra-se de coisas que nem o diabo. Agitador
de labaredas, pouco lhe falta para tapar a cara e. um dia destes, infiltrado em
qualquer manif, ir para a porta da AR protestar. Ou arremessar pedras. Por que
não se cala quem vive com privilégios de rei?
Outra trapalhada é a greve
dos estivadores. Com tantos prejuízos causados, num país a sério, ou já estavam
a trabalhar ou na rua. Os sindicatos não podem sobrepor-se ao governo e aos
interesses do país.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 13 de Dezembro de 2012