quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

SAQUEADORES


Muito se tem falado na reforma do Estado, sobretudo do Estado Social que parece ser a única parte a interessar os políticos, mormente a Esquerda

O que o governo pretende fazer, se não nos enganar mais uma vez, é assegurar a sustentabilidade da Segurança Social (SS) que tem sofrido, ao longo de 37 anos, enormes rombos. 

Do outro Estado (menos Estado, menos deputados, menos comissões, menos fundações e institutos, menos freguesias e câmaras, menos carros de luxo e menos motoristas, menos sanguessugas) não interessa falar.


A sustentabilidade da SS (ex-Caixas de Previdência) corre perigo na verdade e os que sempre descontaram (23,75%,os patrões, e 11%, os trabalhadores) ninguém lhes pode garantir hoje que têm, amanhã, segura a reforma. O que começa a saber-se é que a culpa de todo este grave problema são os governos. Todos, para equilibrar a balança de pagamentos, que andou sempre descalibrada, se valeram da Caixa de Previdência ou da SS. 

No tempo de Salazar e na Democracia que está toda bichada e a apodrecer. Com uma enorme diferença. É que o ditador, que viveu e morreu pobre e não foi corrupto nem corruptível, pagava os empréstimos, mas os governos democratas, não. Nunca reembolsaram um cêntimo e a situação está à vista - a quase falência. O Estado deve-lhe quase tanto como o dinheiro que veio e há-de vir da Troika. 

Segundo “Livro Branco da Segurança Social”, encomenda de Guterres, em 1996, já a Segurança Social era credora de 36 mil e quinhentos milhões de euros. Agora, dizem as redes sociais que este calote, este assalto ou esbulho (do nosso), já vai nos 75 mil milhões de euros. É brutal e escandaloso. Como escandalosa é a situação da haver muita gente a usufruir chorudas reformas da Caixa Geral de Aposentações, quando nada descontaram. 

Ou não o suficiente (Passos confirmou há dias) Mas que justiça, ou melhor, que pulhice é esta?

Na mensagem de Natal o papa Bento XVI insurge-se contra o capitalismo selvagem que carrega o mundo de problemas sociais, sugere o regresso aos princípios éticos e a necessidade de manter o Estado Social. Será que ainda é possível por cá esse milagre? 

Que o Natal, que é tempo de Luz, ilumine os nossos políticos. 

Já chega de tanta fava envenenada.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 20 de Dezembro de 2012