sábado, 15 de dezembro de 2012

BANQUEIRO CATASTROFISTA SÓ EM PORTUGAL


Mira Amaral é presidente de um banco, já foi ministro, gestor de empresas públicas, comenta assuntos políticos e económicos, tem muitas, tantas opiniões sobre quase tudo, mas escolheu ser banqueiro e escolheu logo agora, logo neste momento

Deve ter nervos de aço. Ele podia ter sido outra coisa qualquer na vida, talvez até noutro país, mas não. Foi agora que ele avançou para banqueiro.

Mira Amaral é presidente de um banco, interessa-lhe que a economia ande para a frente, que haja mais crédito, mais depósitos, mais negócios, menos recessão, menos depressão.


Precisa que o País cresça para que o seu negócio também recupere e os seus acionistas, aqueles que acabam de comprar o BPN, possam receber em dividendos o que investiram até agora. Suponho, imagino, não deliro - é isso que eles querem: ganhar dinheiro. Foi por isso que o escolheram para aquele lugar. Afinal, ele é presidente de um banco. É o vendedor n.º 1 desse banco.

Dizia: Mira Amaral é presidente de um banco que, embora pequeno, também depende da confiança. Na verdade, todos os negócios, grandes, pequenos ou médios dependem da confiança: restaurantes, boutiques, agências, indústrias disto e daquilo, agricultura disto e daquilo, vendedores, bancários e banqueiros - todos precisam de confiança. 

Todos eles sabem que quanto mais confiança houver no país mais clientes e depositantes vão ter. No caso de um banco: menos incumpridores vão aparecer, menos crédito malparado, mais dinheiro pode ganhar, mais cartões de crédito e débito pode vender. O BIC também está em Angola, tem investidores angolanos, mas também está cá, interessa-lhe que isto corra bem, não pior, não muito pior.

Mira Amaral é presidente de um banco, mas aconselha as pessoas a fugir de Portugal. "O melhor que os portugueses competentes têm a fazer é votar com os pés", disse, sublinhando, repetindo, vincando - com uma imagem, para se perceber (?) melhor - que se referia aos que têm menos de 40 anos. São esses que devem partir, diz ele. 

Não é gente qualquer. Menos de 40 anos: os que estão a começar uma vida, talvez queiram carro, casa, investir num negócio, numa ideia, no seu país. Talvez queiram ser clientes do BIC, o banco que até tem um slogan que diz assim: "Crescemos juntos." Não diz: emigramos juntos... ! Não diz.
Políticos que mentem e exageram há em todo o lado. 

Conheço-os, dou-lhes um desconto, voto ou não voto neles. Banqueiros catastrofistas, não. Não vou ao banco perguntar se devo emigrar. Vou à procura de dinheiro para ficar. 

Crescermos juntos, está a ver?

André Macedo, aqui