Ainda há ecos da greve geral,
sobretudo do desfecho para além da hora prevista.
Ou melhor da violência
(“importada”) de alguns guerreiros do calhau e da cobardia que, de rostos
descobertos, dispararam pedras e petardos contra a PSP, postada na defesa da
Assembleia da República.
É que - embora grande, é sempre a maior, segundo os
sindicatos - o impacto acabou por esfumar-se às mãos dos “profissionais da
desordem”, da provocação e da pedrada, que integram um grupo mais vasto,
interessado em incendiar a Europa, em remate dos slogans arremessados ao ar
pelos manifestantes e seus pivôs.
Este tipo de violência veio para ficar. Por enquanto apenas com feridos, mas hão-de chegar dias piores, com mortes, se não forem controlados. Se ainda se entende que haja greves e manifestações contra a violência da austeridade, o povo (80% nunca fez uma greve) percebe os limites destes actos gratuitos e, de um modo geral, aprovou a carga policial, feita no tempo devido e esgotada a paciência da PSP.
Ainda que certos plumitivos achem
que a polícia deveria fazer apenas umas cócegas com os bastões nos costados ou
ombros dos guerreiros da calçada, que, fanfarrões, meteram o rabo entre as
pernas e se escaparam. Não sem deixarem rasto de vandalismo: calçada destruída,
contentores incendiados e vidros partidos. Mau prenúncio. É claro que alguns
mirones foram levados na onda. Desculpem lá, mas puseram-se a jeito.
Como se vê, estão em
evidência e em confronto três espécies de violência: as duas já referidas e uma
outra de que ninguém fala, a dos grevistas e piquetes, cuja liberdade em fazer
estas jornadas destrói a liberdade e o direito de muitos outros ao trabalho,
acesso à saúde (com operações adiadas não se sabe para quando), etc.
Quase
sempre os mesmos, com mais alguns. São todos por melhor saúde, pela defesa do
trabalhador. Mas nestas horas, tudo esquecem. Até o país que com cada greve que
se faça, ficará sempre mais empobrecido e dividido.
Calçada destruída, ao recuperá-la com o mesmo
material, o presidente da câmara de Lisboa arma assim os guerreiros do calhau
para a próxima. Mas também ninguém nos garante que o negócio da pedra, à
sacada, não venha a ser instalado nestes perturbantes dias.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 22 de Novembro de 2012