Vai para aí uma grande
balbúrdia, entre os políticos que nunca mais ganham juízo, os que estão no
governo e os que estão fora: uns de rabo trilhado à Troika; outros (BE), a quererem
expulsá-la.
Por muito que nos custe engolir, era mais um desastre, só benéfico
para o PCP que faz da rua a sua maior força. Não nos iludamos: temos de mudar
de vida e de mentalidade.
Coisa que ninguém quer ouvir, mesmo da boca da
responsável pelo Banco Alimentar. A rua é hoje o melhor dos palcos e força,
para greves ou manifestações.
Greves que só agravam a situação económica do país e dos trabalhadores. Veja-se
a dos estivadores. Só ainda reina porque ganham bem. Tal qual as da CP. Os
resultados estão aí. As exportações baixaram 6%. Milhões de prejuízo e o mais
espantoso é que, perante isto, o governo não tenha feito nada, usando das
faculdades que as leis lhe permitem. O país ganhou gosto à rua. Ao protesto a
que tem direito.
Com fortes motivos ou por tudo e por nada. Estamos quase
ingovernáveis e como a Grécia. Os petardos e o arremesso de pedras são as
armas, para já, mas, neste andar, não se anuncia nada de bom. Há autarcas e
militares na rua a mostrar o cartão vermelho ao governo e não poupando Cavaco,
o chefe máximo das FA. Otelo vocifera: é um aviso para o governo recuar na
austeridade.
O FMI dá sinais de que efectivamente só austeridade não leva a
crescimento económico. Já há quem fale, com razão, em renegociação do Memorando.
As medidas não têm resultado e a Europa afunda-se sem soluções. Só falta os
generais virem para a rua e até os magistrados que já deixaram ameaças. A rua é
o vazadouro de tensões e até de desejos perversos.
Por outro lado, o bispo do
Porto entende que a sociedade civil deve ser chamada para a reforma das funções
do Estado. O Estado social como está não tem sustentabilidade. Antes todos
falavam na necessidade de reformar o Estado. Hoje ninguém quer ouvir nessa
inevitabilidade.
Estado Social, sim, para quem precisa, mas jamais para
sustentar os que se negam a trabalhar.
Como há anos atrás.
Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 15 de Novembro de 2012