quinta-feira, 15 de novembro de 2012

BALBÚRDIA


Vai para aí uma grande balbúrdia, entre os políticos que nunca mais ganham juízo, os que estão no governo e os que estão fora: uns de rabo trilhado à Troika; outros (BE), a quererem expulsá-la

Por muito que nos custe engolir, era mais um desastre, só benéfico para o PCP que faz da rua a sua maior força. Não nos iludamos: temos de mudar de vida e de mentalidade. 

Coisa que ninguém quer ouvir, mesmo da boca da responsável pelo Banco Alimentar. A rua é hoje o melhor dos palcos e força, para greves ou manifestações. 

Quando ouço gritar “o povo unido jamais será vencido”, lembram-me outros tempos. É o regresso ao PREC de má memória e de tanta balbúrdia, senão aos tempos da I República, de miséria e conflitos. 

Greves que só agravam a situação económica do país e dos trabalhadores. Veja-se a dos estivadores. Só ainda reina porque ganham bem. Tal qual as da CP. Os resultados estão aí. As exportações baixaram 6%. Milhões de prejuízo e o mais espantoso é que, perante isto, o governo não tenha feito nada, usando das faculdades que as leis lhe permitem. O país ganhou gosto à rua. Ao protesto a que tem direito. 

Com fortes motivos ou por tudo e por nada. Estamos quase ingovernáveis e como a Grécia. Os petardos e o arremesso de pedras são as armas, para já, mas, neste andar, não se anuncia nada de bom. Há autarcas e militares na rua a mostrar o cartão vermelho ao governo e não poupando Cavaco, o chefe máximo das FA. Otelo vocifera: é um aviso para o governo recuar na austeridade. 

O FMI dá sinais de que efectivamente só austeridade não leva a crescimento económico. Já há quem fale, com razão, em renegociação do Memorando. As medidas não têm resultado e a Europa afunda-se sem soluções. Só falta os generais virem para a rua e até os magistrados que já deixaram ameaças. A rua é o vazadouro de tensões e até de desejos perversos. 

Por outro lado, o bispo do Porto entende que a sociedade civil deve ser chamada para a reforma das funções do Estado. O Estado social como está não tem sustentabilidade. Antes todos falavam na necessidade de reformar o Estado. Hoje ninguém quer ouvir nessa inevitabilidade. 

Estado Social, sim, para quem precisa, mas jamais para sustentar os que se negam a trabalhar. 

Como há anos atrás. 

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 15 de Novembro de 2012