quinta-feira, 13 de setembro de 2012

PAÍS A ARDER


O país está a arder

Em todas as frentes. O fogo tem devorado matas, casas, empresas, bens. Há incendiários. Alguns são apanhados, mas são dados como doidos e ficam impunes. De todos os ladrões o fogo é o maior. Mas há outros fogos com um perigoso rastilho social. 

Se o fogo é o maior ladrão, o Estado é uma roubalheira pegada. Há muita gente na origem do degradante estado da nação, miséria e pelintrice. Há culpados, com rosto. E tal como os doidos do fogo vivem impunes em Paris e em tanta outra cidade ou cargo importante. Não pagam por erros e desmandos, são inimputáveis. 

O povo, esse, paga tudo: o BPN, os desmandos, os luxos, os automóveis topo de gama, os ordenados escandalosos. Folclore que ainda não acabou no governo e nas câmaras.

O país ardeu imenso na semana passada, que foi marcada também por um outro fogo de revolta generalizada. Em face das medidas drásticas tomadas pelo governo e anunciadas por Passos Coelho, que, discurso mal estribado, só falou dos castigos aos pobres. Quanto aos ricos e comedores de pérolas, andou às voltas, nada anunciou de concreto. 

Quando deveria bem explicar todas as razões de mais um saque. O governo cava assim cada vez mais um inevitável divórcio com o povo. A economia, ainda que as empresas sejam beneficiadas, pagando menos para a Segurança Social, não melhorará. Ao contrário os trabalhadores vão descontar 7% sobre o ordenado. 

É a matar. Contas feitas, quem ganhar o mínimo, vai receber menos 34 euros. Para quem já ganha pouco, é muito dinheiro. Vai ao ar um salário. E os bolsos sem dinheiro não animam a economia, antes o facto concorre para a sua anemia geral. Para quem, antes de ser governo, defendia que não se podia pôr o povo a pão e água - a água, pão e caldos de galinha vive, hoje a maior parte. Mas há sempre excepções. 

Está feita a equidade? Ainda não! Se Freitas do Amaral defendia uma taxa para quem usufruísse ordenado acima de 10 mil euros, Coelho considerou medida difícil de implantar. Se Cavaco deu alguns recados, a Troika fez de surda e cega e Passos manteve a receita execrável. Sempre o mexilhão a ser lixado. (Podem ler outra coisa…). 

Cortar nas gorduras do Estado e nos políticos, ir às grandes fortunas, liquidar as sanguessugas, está quieto!

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 13 de Setembro de 2012