
O antigo governante Bagão Félix considera que, com a decisão
do Executivo de promover o aumento da contribuição dos trabalhadores para a
Segurança Social, quando há uma redução dos benefícios existentes, foi dada "a
machadada final" no regime previdencial.
"E porquê? Porque os benefícios decrescem, mas há um aumento de sete pontos
percentuais no desconto do trabalhador", justificou.
Na sua opinião, o desconto feito pelos trabalhadores para a Segurança Social,
"no fundo, não é uma taxa. É um verdadeiro imposto. Deixou de ser uma
contribuição [para um seguro] social para ser um imposto único".
Quanto à descida dos encargos das empresas para a Segurança Social, o antigo
ministro das Finanças e da Solidariedade Social realçou que a mesma "já estava
prevista no memorando de entendimento com a 'troika'", mas entende que a
diminuição de 23,75 por cento para 18 por cento "não vai trazer grandes
benefícios ao nível da geração de emprego" em Portugal.
"Não é por causa desta diminuição que vai haver um aumento de contratações. O
que vai acontecer é que estas medidas, que diminuem o rendimento disponível das
famílias, vão diminuir o consumo e, diminuindo o consumo, provavelmente é
atacada a saúde das empresas e o desemprego tenderá a subir", concluiu.
Passos Coelho anunciou na sexta-feira um aumento de 11 para 18 por cento da
contribuição para a Segurança Social dos trabalhadores dos setores público e
privado e a redução de 23,75 para 18 por cento da contribuição das empresas.
Com as novas medidas de austeridade os funcionários públicos continuam a
perder o equivalente ao subsídio de natal e de férias, cuja suspensão tinha sido
considerada inconstitucional pelo Tribunal Constitucional.
Para os funcionários do setor privado, o aumento da comparticipação para a
Segurança Social equivalerá à perda de um salário por ano. Os pensionistas
continuaram sem subsídios de natal e férias.
O primeiro-ministro falava numa declaração ao país a partir da residência
oficial em São Bento, numa altura em que a quinta avaliação pela 'troika' do
Programa de Assistência Económica e Financeira se encontra perto do fim.
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