Seduzida por esta personalidade tão marcante, a escritora canadiana Annabel Lyon decidiu colocá-lo, em Aristóteles e Alexandre, como narrador desta história, onde nos conta, entre vários episódios da sua vida, a forma como foi professor de Alexandre, o Grande.
Este jovem era filho de Filipe, rei da Macedónia, que levou o filósofo, de quem foi amigo de infância, a aceitar ser tutor do herdeiro ao trono.
Numa das suas deliciosas divagações, ficamos a saber que Aristóteles era versado em medicina. Desde criança começou a acompanhar o pai, que era médico, nas suas consultas. E o progenitor obrigava-o a recitar alguns dos princípios essenciais para assistir os pacientes: “usar uma dieta fluida para tratar as febres; evitar comidas amiláceas no Verão;é melhor a febre a seguir a uma convulsão do que a convulsão a seguir à febre; purgar no início de uma doença, mas nunca no seu auge; o nascimento dos dentes pode provocar febre e diarreia; (...) os eunucos não sofrem de gota; as mulheres nunca são ambidestras”...
Até que chegamos à derradeira lição exigida por Alexandre, que o seu mestre vai acabar por concluir de forma brilhante: “ A melhor vida humana é aquela que é passada na procura da excelência intelectual”.
Annabel Lyon traz-nos um Aristóteles humano, contrariando aquela imagem que dele guardamos como figura distante, inacessível. Um retrato especulativo, mas que parece solidamente construído.
(Rui Branco)
TITULO: Aristóteles e Alexandre
AUTOR: Annabel Lyon
EDITOR: D. Quixote
PREÇO: 16.90 euros
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