Há umas semanas atrás, só através da
leitura do ‘Jornal da Bairrada’ os munícipes puderam tomar conhecimento de declarações produzidas
na última reunião do mês de Julho do executivo municipal de Oliveira do Bairro,
relativas à utilização de viaturas municipais para fins particulares, e bem
assim ao acompanhamento feito pelo vice-presidente do executivo, em horário de
expediente, de um colaborador da autarquia numa visita de verificação do
andamento de uma obra particular a este pertencente, e cujo projecto é da
responsabilidade de um gabinete técnico em relação ao qual o próprio
vice-presidente tem interesses económicos matrimonialmente comunicáveis.
Perante a evidência da situação, a justificação para o ocorrido, que teve tanto de sublime como de desconcertante, iniciou pela autoflagelação de quem se sente perseguido, passando pela invocação da isenção de horário e das muitas horas de serviço dadas ao município para além do horário de expediente e aos fins de semana, e culminou, sem qualquer prurido, com a alusão ao facto de no tempo do Dr. Acílio Gala ter havido quem fosse a casamentos em viaturas do município.
Qual ventoínha que, indiferente,
espalhou o anátema da promiscuidade para cima de tudo e de todos, esta
declaração consubstanciou um acto de coragem claramente balofa, própria de
quem, com a maior facilidade, gosta de atacar quem não está presente para se
defender, uma postura já bem conhecida da maioria dos proprietários e
comerciantes com prédios e estabelecimentos sitos no troço da rua do Foral onde
está a ser construída a Alameda; não todos, obviamente, porque há pelos menos dois
cujas propriedades permanecerão intocadas pela obra… vá lá saber-se porquê!!!
Sobre
as obrigações e impedimentos que impendem sobre quem, como o próprio, exerce o
respectivo mandato em exclusividade de funções, nem uma palavra; e a propósito da invocada isenção de horário, houvesse
honestidade intelectual e em lugar da vitimização teria ficado claro que a
mesma não configura nenhum acto de voluntária benemerência, uma vez que é
retribuída com um suplemento salarial de valor superior àquele com que muitos
milhares de chefes de família deste país sustentam os respectivos agregados.
Se em relação à utilização de viaturas
municipais para fins particulares nada se ouviu da boca do presidente da
câmara, já em relação ao exercício simultâneo de funções públicas com
actividades privadas remuneradas, apenas foi confirmada a existência de isenção
de horário relativamente aos membros do executivo municipal.
E por aqui se quedou o responsável
pelos recursos humanos do município, como se não houvesse mais nada a
esclarecer, como se na prática dos factos em causa o interesse público tivesse
sido escrupulosamente salvaguardado, como se, ao menos em abstracto, não
pudesse estar configurado um qualquer ilícito, fosse de peculato de uso ou
qualquer outro.
Aos mais incrédulos, adianta-se que todas
estas declarações foram proferidas numa reunião pública, com a presença da imprensa
local e de alguns autarcas, entre os quais o presidente da assembleia municipal
e dois presidentes de juntas de freguesia.
No
entanto, e apesar disso, estes factos não foram transcritos para a acta, porque houve quem entendesse que tais assuntos
não têm importância nem relevo bastantes para concitar o interesse público!
Mesmo quando, como é o caso, há pecados que moram,
escancaradamente, dentro do convento…