VISITA
Adornou o meu quarto a flor do cardo, Perfumei-o de amílscar rescendente; Vesti-me com a púrpura fulgente, Ensaiando meus cantos como um bardo. Ungi as mãos e a face com o nardo Crescido nos jardins do Oriente, A receber com pompa, dignamente, misteriosa visita a quem aguardo. Mas que filha de reis, que anjo ou que fada Era essa que assim a mim descia, Do meu casebre à húmida pousada? Nem princesas, nem fadas. Era, flor, era a tua lembrança que batia Às portas de ouro e luz do meu amor! |
Antero de Quental