terça-feira, 26 de junho de 2012

JUÍZA INFORMOU COLEGA DO HOMICÍDIO, POR SMS, LOGO APÓS O CRIME

Tribunal da Relação de Coimbra (TRC) aceitou escusa do juiz a quem tinha sido atribuído julgamento do engenheiro que matou, a tiro, ex-companheiro da filha.

Um crime ocorrido em Oliveira do Bairro, num quadro de disputa parental.


O magistrado Rui Pacheco tinha invocado as relações de amizade com a filha do arguido acusado de homicídio, que é também juíza, exercendo atualmente funções no tribunal de Cantanhede.

No pedido, o juiz que está em afetação exclusiva aos julgamentos coletivos na Comarca do Baixo Vouga dera conta conhecer “pedaços da vida do falecido”, um advogado do Porto, e do acusado através da amiga.

No acórdão, os juízes desembargadores que analisaram o requerimento esperam, assim, “contribuir para menos um possível ´incidente´ num julgamento” do qual dizem não ter “qualquer dúvida” que “vai incendiar a praça pública, ávida de histórias alheias e penas de ´crime e castigo´.

O juiz Rui Pacheco, que será substituído como presidente do coletivo pelo juiz Jorge Bispo, informou o TRC que lhe soube do homicídio menos de uma hora depois, pela filha do arguido,juíza Ana Joaquina Silva,  através de uma mensagem sms em tom de “de desespero” e em que lhe era perguntado qual o tribunal de turno.

Das conversas mantidas antes da tragédia, o magistrado teve conhecimento da “envolvência,  guerras, incidentes, queixas, processos em tribunal” relacionados com a “disputa” pela filha do casal.

No caso, nota o acórdão, a juíza “não é uma filha qualquer”, pois foi “de forma amíude e constante” mantendo o colega “ao corrente das vicissitudes de uma bélica disputa paternal” pela guarda da criança.

O julgamento de Ferreira da Silva, engenheiro agrónomo de 63, vai realizar-se no tribunal de Anadia, no inicio de Setembro, com tribunal de júri. O autor dos disparos fatais, atualmente em prisão domiciliária, responde por homicídio qualificado.

Cláudio Rio Mendes, 35 anos, foi assassinado a 5 de Fevereiro do ano passado, no parque da Mamarrosa, Oliveira do Bairro, quando visitava a filha, de quatro anos, autorizado pelo tribunal.

O pai da ex-companheira do falecido compareceu no local armado, tendo a criança, de quatro anos, ao colo na altura em que desferiu os tiros mortais.
 

Imagens captadas por telemóvel pela então companheira do falecido começam por mostrar uma discussão e o advogado a agredir uma mulher, familiar do agressor.
15 dias antes de ser assassinado, Claudio Rio Mendes tinha conseguido que a juíza titular do processo de responsabilidades parentais, na altura a correr no juízo de família e menores de Estarreja, autorizasse um encontro semanal (curto e vigiado), em local neutro e num regime com muitas restrições, devido ao historial conflituoso do relacionamento entre os pais.

Retirada daqui