quinta-feira, 26 de abril de 2012

LADRÕES E CADEIAS

A segurança já não é o que era.

Antes, podia deixar-se a porta aberta ou entreaberta, que não havia o perigo de mãos alheias. Era a boa vizinhança. Hoje ninguém conhece ninguém, campeia a insegurança, multiplicam-se os gangues, os assassinatos, assaltos a caixas de multibanco, gasolineiras, CTT, ourivesarias (ouro roubado aqui e vendido em Espanha), casas, colmeias, manadas de gado, velhos solitários.

 
Como se já não bastassem os assaltos do governo aos nossos bolsos. Solta-se a violência, esfola-se e mata-se. A vida não prevalece sobre a avidez. É a bestialidade dos tempos.

As cadeias estão superlotadas, sem condições (13285). Os que as ocupam são 80% de portugueses e 20% de estrangeiros (quadrilhas dos países de Leste) e gasta o país 40 euros/dia, na hospedaria. Por erro de cálculo, o socialismo é sempre uma festa e laxismo e a social-democracia enferma de males semelhantes, pintando o país de oásis, não prevendo os governos as graves consequências do desemprego e da fome, nem tão pouco o resultado das fronteiras abertas a toda a espécie de máfias - Romenos são recrutados para os roubos e chegam de camioneta - pouco foi investido na construção de cadeias. Talvez, em nome de uma democracia (bacoca e podre). Agora, as cadeias não chegam e ainda não foram presos quantos ladrões e pulhas, de colarinho branco, nossos, andam rindo por aí. Os governos também esqueceram que estamos sempre mais seguros, quando há ordem, de cima para baixo, emprego e pão e menos austeridade.

Agora, nesta fase do campeonato em que se nota o país cada menos seguro, a arder de medos, o Secretário de Estado da Justiça admite a compra de duas cadeias: os Estabelecimento Prisionais de Lisboa (EPL) e de Castelo Branco, vendidos pelo anterior governo para fazer dinheiro para tapar algum buraco ou entrar nos gastos loucos e sem critério. É o vende agora, compra logo. É a falta de visão. Todavia, só o EPL custará no mínimo 60 milhões de euros que foi por quanto foi vendido. Já o de Castelo Branco foi alienado à Câmara por 5 milhões de euros. Quer dizer, os governos têm estado numa de poupança, quanto a polícias e cadeias, mas isso acaba por facilitar o trabalho à gatunagem que deixa sempre mais pobre o país e atordoado o povo.

Armor Pires Mota, no 'Jornal da Bairrada' de 26 de Abril de 2012