Hoje homenageámos ilustres
figuras desta terra, figuras desconhecidas pelo nome, mas imortalizadas pela
coragem, pela dádiva suprema à Pátria.
Naqueles momentos em que
prestávamos tributo ao sacrifício daqueles homens feito em nome de Portugal,
não pude deixar de pensar no que resta desse País porque tantos morreram, no
que somos enquanto portugueses, que pátria é a nossa e, melhor, de que
patriotismo falamos nós.
Hoje prestámos homenagem a
homens, jovens bem mais novos do que eu, que não se renderam, que se mantiveram
de pé e lutaram… Que lutaram e que morreram…
Somos uma pátria feita, toda
ela, de coragem, de sofrimento e superação, feita de lágrimas e suor, construída
a pulso, pedra sobre pedra…
O nosso Pais passou por muitas
dificuldades, os Portugueses sofreram muito desde 1143 e até antes de 1143.
E hoje? E agora? E amanhã?
Caminhei até este salão
Nobre com eco destas dúvidas bem vivo na minha mente…
Mas Sr. Presidente
Minhas Senhoras e Meus
Senhores
Permitam-me que lhes
confesse:
Estou certo que chegará um
dia em que o nosso país, quase milenar, sucumbirá.
Estou certo que nascerá uma
manhã trágica em que os Portugueses se renderão e entregarão a bandeira, a
pátria e a condição humana e universal da causa lusitana.
Chegará o dia em que os
homens e mulheres deste país de poetas e navegantes, desses homens e mulheres
que, de pequenos, se fizeram gigantes, chegara um dia em que não mais palavras
terão os poetas, nem mais mares consigam vislumbrar os navegantes, em que os
homens e mulheres feitos gigantes se resignem à condição de pequenos e
insignificantes.
Nascerá essa trágica e
ignóbil manhã, a ultima de todas as manhãs, em que os filhos desta ilustre
pátria lusitana olhem para o nosso solo sagrado sem esperança, baixem os braços
sem fé, caminhem sem vontade, vivam sem nada…
Acreditem que estou convicto
que chegará o tempo em que palavras como pátria, nação e Portugal vão parecer
papéis velhos, gastos, amarelecidos pelo tempo…
Eu sei que esse dia vai
chegar, que pode muito bem chegar…
Mas também sei, e seio
profundamente, que não será agora, não com esta gente, não com esta geração…
Não hoje… Nós não o vamos
permitir…
Esta geração que aqui, junto
de Vossas Excelências simbolicamente hoje represento, não se resignará, não entregará o nosso País…
Não nos vamos render, não,
não vamos ser nós a desistir…
Podemos não ter barcos, mas
vamos continuar a olhar para o mar, podemos não ter tinta nem papel, mas acreditem
que teremos sempre alma, engenho e arte para levantar os braços e lutar…
Tenham Vossa Excelências
como certo que não permitiremos que os nossos filhos olhem para um Pais sem
nome, sem identidade, sem fé e, sobretudo, sem futuro…
Saiba o País, saibam os
nossos pais e, sobretudo os nossos filhos, que esta geração do trabalho
precário, do multiemprego e do desemprego especializado, esta geração diz que
há esperança, que há confiança e haverá perseverança, em cada um destes homens
e mulheres, que não aceitam a resignação e que vão continuar a lutar, por um
futuro melhor para a geração que nos seguirá…
Mudaram-se os paradigmas,
mudaram-se os pressupostos, até os valores e os princípios foram alterados, mas
não a nossa vontade, não a nossa capacidade, nunca o nosso valor e competência.
Pode o País contar com isso…
Pode Portugal contar connosco.
Se existir
uma geração que entregue a pátria, que desista de Portugal, essa geração não
será a nossa.
Não será a nossa nem será a
dos nossos filhos…
Conte o Pais e o mundo com a
nossa disponibilidade para a luta, com a nossa vontade para crescer, por
vencer, por construir… Contem com isto: Não nos renderemos…Nunca… Não
entregaremos Portugal… Jamais
Não nós… Nunca seremos nós…
Nuno Barata
(Membro da Bancada do PPD-PSD na AM de OB)
Nuno Barata
(Membro da Bancada do PPD-PSD na AM de OB)