quarta-feira, 25 de abril de 2012

INTERVENÇÃO DE NUNO BARATA NA ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE OLIVEIRA DO BAIRRO

Hoje homenageámos ilustres figuras desta terra, figuras desconhecidas pelo nome, mas imortalizadas pela coragem, pela dádiva suprema à Pátria.

Naqueles momentos em que prestávamos tributo ao sacrifício daqueles homens feito em nome de Portugal, não pude deixar de pensar no que resta desse País porque tantos morreram, no que somos enquanto portugueses, que pátria é a nossa e, melhor, de que patriotismo falamos nós.

Hoje prestámos homenagem a homens, jovens bem mais novos do que eu, que não se renderam, que se mantiveram de pé e lutaram… Que lutaram e que morreram…

Somos uma pátria feita, toda ela, de coragem, de sofrimento e superação, feita de lágrimas e suor, construída a pulso, pedra sobre pedra…

O nosso Pais passou por muitas dificuldades, os Portugueses sofreram muito desde 1143 e até antes de 1143.

E hoje? E agora? E amanhã?

Caminhei até este salão Nobre com eco destas dúvidas bem vivo na minha mente…

Mas Sr. Presidente
Minhas Senhoras e Meus Senhores

Permitam-me que lhes confesse:

Estou certo que chegará um dia em que o nosso país, quase milenar, sucumbirá.

Estou certo que nascerá uma manhã trágica em que os Portugueses se renderão e entregarão a bandeira, a pátria e a condição humana e universal da causa lusitana.

Chegará o dia em que os homens e mulheres deste país de poetas e navegantes, desses homens e mulheres que, de pequenos, se fizeram gigantes, chegara um dia em que não mais palavras terão os poetas, nem mais mares consigam vislumbrar os navegantes, em que os homens e mulheres feitos gigantes se resignem à condição de pequenos e insignificantes.

Nascerá essa trágica e ignóbil manhã, a ultima de todas as manhãs, em que os filhos desta ilustre pátria lusitana olhem para o nosso solo sagrado sem esperança, baixem os braços sem fé, caminhem sem vontade, vivam sem nada…

Acreditem que estou convicto que chegará o tempo em que palavras como pátria, nação e Portugal vão parecer papéis velhos, gastos, amarelecidos pelo tempo…   

Eu sei que esse dia vai chegar, que pode muito bem chegar…

Mas também sei, e seio profundamente, que não será agora, não com esta gente, não com esta geração…
Não hoje… Nós não o vamos permitir…
Esta geração que aqui, junto de Vossas Excelências simbolicamente hoje represento,  não se resignará, não entregará o nosso País…
Não nos vamos render, não, não vamos ser nós a desistir…
Podemos não ter barcos, mas vamos continuar a olhar para o mar, podemos não ter tinta nem papel, mas acreditem que teremos sempre alma, engenho e arte para levantar os braços e lutar…
Tenham Vossa Excelências como certo que não permitiremos que os nossos filhos olhem para um Pais sem nome, sem identidade, sem fé e, sobretudo, sem futuro…
Saiba o País, saibam os nossos pais e, sobretudo os nossos filhos, que esta geração do trabalho precário, do multiemprego e do desemprego especializado, esta geração diz que há esperança, que há confiança e haverá perseverança, em cada um destes homens e mulheres, que não aceitam a resignação e que vão continuar a lutar, por um futuro melhor para a geração que nos seguirá…
Mudaram-se os paradigmas, mudaram-se os pressupostos, até os valores e os princípios foram alterados, mas não a nossa vontade, não a nossa capacidade, nunca o nosso valor e competência.
Pode o País contar com isso… Pode Portugal contar connosco.
Se existir uma geração que entregue a pátria, que desista de Portugal, essa geração não será a nossa.
Não será a nossa nem será a dos nossos filhos…
Conte o Pais e o mundo com a nossa disponibilidade para a luta, com a nossa vontade para crescer, por vencer, por construir… Contem com isto: Não nos renderemos…Nunca… Não entregaremos Portugal… Jamais  
Não nós… Nunca seremos nós…

Nuno Barata
(Membro da Bancada do PPD-PSD na AM de OB)