O design é um veículo para aumentar as exportações nacionais, mas também para cativar os consumidores atingidos pela crise.
A Recer, cerâmica de Oliveira do Bairro (distrito de Aveiro), é um exemplo da aposta em design e Fernando Simões explicou porquê. "A Recer sempre pugnou por defender o design português, e, depois da recessão dos anos 80, sentimos necessidade de nos valermos de algo nosso", recordou, para depois fazer a ligação com a crise atual.
"Este é o momento de voltarmos ao grafismo, à riqueza cromática da cerâmica portuguesa. Temos de levar os nossos produtos e a nossa cultura lá para fora, sejam os azulejos brancos, o café Delta ou o pastel de nata", apontou.
Agora é tempo de "apostar nos mercados emergentes", estabeleceu ainda Fernando Simões. Porém, esses mercados não se resumem apenas às economias em crescimento, como Brasil, Índia ou China. "Temos de pensar no mercado emergente das pessoas que fazem esforço para comprar, nas pessoas que [com a crise] perdem capacidade aquisitiva, mas não querem perder dignidade e comprar marca branca", afirmou o responsável da Recer.
Assim, os designers não podem esquecer essa "responsabilidade social". "Aqui há uns anos, o design era só um elemento estético. Mas agora, não estamos a falar só de estética, precisamos de alguém que nos ajude a produzir racionalmente - para adequar o projeto àquele target que não pode comprar tão caro. O design tem de ser ativo e acompanhar o produto desde a génese até ao final", explicou Fernando Simões.
A receita está dada. O resto é pensamento positivo. "Chega de pensar cinzento, temos de pensar a cores. Temos de ir para fora e levar aquilo que é nosso. Temos gente capaz", concluiu o responsável da cerâmica bairradina.
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