sexta-feira, 30 de março de 2012

SUGESTÃO DE LEITURA - PORQUE O FIM DE SEMANA ESTÁ AÍ

Uma estudante desaparece. A família do pai, chique e desestruturada, contrata detectives privados para a encontrar. Pista: Valentine não é flor que se cheire, costuma fazer sempre o que quer e da maneira mais descomplexada possível, uma explosiva “baby” parisiense que assume ser capaz de trocar os seus luxos pelos pais carinhosos que não tem.
Para início de livro, a autora. Virginie Despentes (que nos é dada como ex-mulher a dias, ex-prostituta, ex-crítica de filmes pornográficos e cineasta), tem o condimento substancial para nos agarrar à leitura. Porém, à medida que entram em cena as duas detectives (Hiena, lésbica, arisca e com sincrética destreza intelectual, e a narradora, que acaba por ter uma relação lésbica, em Barcelona, durante as investigações), a história torna-se sensaborona até ao imprevisto final de Valentine.
Daí o nome do título, Apocalypse baby, tornado clarividente no fim de um livro elogiado por alguma crítica internacional, farto em orgias de gente mal-amada e em críticas ao niilismo de uma sociedade em queda livre para o nonsense, mergulhada no criticável individualismo.
Assim, a fugitiva e o seu apocalipse surpreende e desilude. Transformando-se num penoso bocejo literário.
Bocejo que nos leva a questionar a importância dos prémios literários. Apocalypse baby venceu o Prémio Renaudot. É obra premiada como muitas, em Portugal e no estrangeiro, suculentas em desnecessários bocejos literários.
(Vítor Pinto Basto)

TÍTULO: Apocalypse baby
AUTOR: Virginie Despentes
EDITOR: Sextante
PREÇO: 16.60 euros

Retirada daqui