
Esta semana o governo apresta-se
para ajudar as câmaras mais endividadas com um fundo especial para socorrer os
municípios demasiado endividados e próximos da falência. O governo prevê uma
ajuda financeira às câmaras no valor de 1400 milhões de euros. Este apoio
antecipa duas alternativas; um plano de intervenção financeiro para os casos
mais insustentáveis ou a transformação das dívidas a 90 dias em compromissos de
médio e longo prazo.
Mas só aparentemente. Parecem-me
mesmo perversas. Como normalmente só andamos a tratar do imediato e não
procuramos ver todos os lados do problema. Como bons futeboleiros só nos
interessa ganhar no dia a dia . Se se criam injustiças ou buracos, quem
vier a seguir que feche a porta. É uma velha sina nacional.
Como são tratados os clubes de
futebol que não contraíram dívidas e sempre tiveram as suas contas em dia?
E as câmaras municipais que não
têm dívidas ou quando as têm elas são perfeitamente sustentadas pelas receitas
previstas? Vão tratar, na mesma câmaras em estado de coma financeiro e câmaras
que nada devem (ex. Aveiro e Mealhada)?
Não me parece minimamente justo.
No futebol isto chama-se beneficiar o infrator. Na política também mas com a
agravante de que o infrator tem tendencialmente a cor dos governos.
Fartam-se de falar no mérito, no
rigor, na transparência e propõem-se ideias destas. Pomos no mesmo barco quem
gere bem e quem delapida os nossos recursos. É uma injustiça para as centenas
de pequenos clubes que têm as contas em ordem com o sacrifício dos próprios
dirigentes.
São verdadeiros presentes para muitos dos autarcas que se
habituaram a gastar à tripa-forra e agora, porque mudam de município ou porque
em ainda têm prazo de validade no seu, em vez de preteridos são beneficiados. O
armado em justiceiro do ministro Relvas devia pensar um pouco antes de falar.
António Granjeia, no 'Jornal da Bairrada' de 22 de Março de 2012