Correu-lhe mal, e saldou-se, em Lisboa. por um forte
embate entre alguns manifestantes e a polícia. Este meio fracasso havia de ser
justificado, ao longo do dia, por Arménio Carlos: a pressão e ameaças dos
empregadores, (a conversa do costume) e a perda de um salário.
As lutas operárias são do século passado.
Ainda que Arménio Carlos, voz mais suave, mas tocando a ortodoxa cassete,
gravada no PCP, tenha vindo dizer que a perda de um dia a gritar era um
investimento no futuro.
Fazer
greve, protestar é um direito que têm todos os trabalhadores e hoje há, como
reconheceu Passos Coelho, motivos para isso, impostos loucos desemprego e
pobreza a crescer. Porém, com um país, onde manda a troika e a manta das
famílias é curta para cobrir os pés de todos, é andar para trás. As greves, tal
como os sindicalistas, não criam postos de trabalho, antes os reduzem.
Tinha
razão uma mulher que dizia que não fazia greve, porque era pobre. Mas há muita
gente a ganhar bem (CP, TAP) a entrar em greve, em prejuízo dos mais
desfavorecidos e há uns tantos marginais que se infiltram para provocar
desacatos. Não acreditamos que a polícia começasse a investir nas costas de
alguns sem que fossem provocados, o arremesso da louça dos cafés e tentativas
de furar os cordões de segurança.
Ora a força policial não foi para a Baixa
para tomar café e os grevistas têm que se convencer que não podem nem devem
fazer tudo o que lhes dá na real gana. A luta tem regras. Mas as carpideiras do
costume preferiam que a polícia ficasse de braços cruzados.
Armor Pires Mota, no 'Jornal de Bairrada' de 29 de Março de 2012