quinta-feira, 29 de março de 2012

A CASSETE E O FRACASSO

Se a greve geral da última semana era para testar a liderança de Arménio Carlos, após a saída de Carlos Carvalhas da CGTP,  a prova foi frouxa.

Correu-lhe mal, e saldou-se, em Lisboa. por um forte embate entre alguns manifestantes e a polícia. Este meio fracasso havia de ser justificado, ao longo do dia, por Arménio Carlos: a pressão e ameaças dos empregadores, (a conversa do costume) e a perda de um salário.

Mas todos sabem que, entrando em greve os transportes públicos, verdadeira máquina de fazer greves, esse facto concorre para o aumento dos supostos aderentes… E os piquetes de greve que impedem de trabalhar quem quer, foram, como sempre, outra ajuda suja. Julgamos que até Jerónimo de Sousa e Lousã não conseguiram mobilizar os seus eleitores, que também sabem que conversas já não enchem barriga e as greves já não levam o país a lado nenhum, antes agravam a situação das famílias e o arruínam ainda mais.

As lutas operárias são do século passado. Ainda que Arménio Carlos, voz mais suave, mas tocando a ortodoxa cassete, gravada no PCP, tenha vindo dizer que a perda de um dia a gritar era um investimento no futuro.
Fazer greve, protestar é um direito que têm todos os trabalhadores e hoje há, como reconheceu Passos Coelho, motivos para isso, impostos loucos desemprego e pobreza a crescer. Porém, com um país, onde manda a troika e a manta das famílias é curta para cobrir os pés de todos, é andar para trás. As greves, tal como os sindicalistas, não criam postos de trabalho, antes os reduzem.

Tinha razão uma mulher que dizia que não fazia greve, porque era pobre. Mas há muita gente a ganhar bem (CP, TAP) a entrar em greve, em prejuízo dos mais desfavorecidos e há uns tantos marginais que se infiltram para provocar desacatos. Não acreditamos que a polícia começasse a investir nas costas de alguns sem que fossem provocados, o arremesso da louça dos cafés e tentativas de furar os cordões de segurança.

Ora a força policial não foi para a Baixa para tomar café e os grevistas têm que se convencer que não podem nem devem fazer tudo o que lhes dá na real gana. A luta tem regras. Mas as carpideiras do costume preferiam que a polícia ficasse de braços cruzados.

Armor Pires Mota, no 'Jornal de Bairrada' de 29 de Março de 2012