O ano passado não deixou saudades nem muitas esperanças em dias melhores tão cedo, embora confiança e crença não devam ser palavras banidas do nosso quotidiano.
O país precisa de ser restaurado. O que deve ser banida de uma vez por todas é a injustiça; quem deve emigrar são os que não param de enriquecer, ludibriando todos os esquemas fiscais; quem deve emigrar da Assembleia da República ou do país são os que nada fazem, os que falam, falam e não criam empregos, antes fomentam o contrário.
Diz o escritor Mia Couto que “a maior desgraça de uma nação é quando, em vez de produzir riqueza, produz ricos”. (Antes de Abril, comia tudo meia dúzia: hoje são milhares de glutões). Para mim, a maior desgraça de um país, a par da corrupção, é haver uma justiça para os pobres e outra para os ricos e políticos e seus pares.
2011 não deixou saudades, mas muita porcaria por resolver. Valeu-nos a prenda de Natal dos chineses que compraram a parte do Estado na EDP. Bom negócio, dizem, com a esperança de mais negócios na calha. Já que estamos falidos nem temos outras saídas, tanto valem os chineses como a filha de José Eduardo dos Santos. Nenhuns respeitam os direitos humanos, mas isso que importa para aqui?
É tempo de gritar ao governo que tenham todos muito juizinho, não nos entrem mais nos bolsos, e não esqueçam que, para além da troika, há gente no navio para salvar de tudo, até dos maus políticos. São precisas mais ideias e mais acção, sinais de crescimento económico. Para evitar agravar tensões sociais, o número de marginais e criminosos Ocupar lugares não basta. Repetir Cavaco já não dá, falta o exemplo. É urgente que Passos e Cavaco se entendam. Estamos num ano terrível e só nos resta acreditar no bom senso dos políticos e sindicatos, embora o ano tenha começado fora dos carris, com nova greve dos maquinistas da CP que exigem que a administração rasgue todos os processos em curso (cerca de 200). Era só o que faltava. O que lhes falta é suprimirem-lhe todas as regalias familiares. A CP juntava mais uns milhares com toda a certeza.
Armor Pires Mota, no Jornal da Bairrada de 5 de Janeiro de 2011