sábado, 7 de janeiro de 2012

ÁLVARO, O MINISTRO BOMBO

Na avaliação ao actual Governo, o mais fácil é personalizar um bombo de festa.

Álvaro Santos Pereira tem sido, indiscutivelmente, considerado o elo mais fraco da equipa de Pedro Passos Coelho.

A avaliação terá, no entanto, por base pressupostos ora precipitados ora preconceituosos - sobrando apenas uns pós de verdade na eventual falta de jeito.

Para lá do afã de criação de um organograma minimalista do Governo se ter traduzido no erro de casting da constituição de um superministério capaz de deglutir qualquer QI acima da média - um ministério no qual cabe a Economia, o Emprego, a Inovação, os Transportes, as Telecomunicações e as Obras Públicas -, Álvaro Santos Pereira está metido num autêntico colete de forças.

O facto de o ministro ter aterrado no país real saído do sector universitário no Canadá será de somenos; funciona como a dupla face de uma moeda - na cara está a dificuldade de adaptação a um novo mundo e na coroa a vantagem de se apresentar liberto dos interesses instalados em várias áreas.

Certo, o ministro não tem sido um poço de virtudes na condução do discurso político, a começar pela falta de convencimento dos parceiros em sede de Concertação Social. Ainda assim, as (falsas) expectativas geradoras de críticas radicam sobretudo de uma outra teia de dificuldades vasta - e na qual a necessidade de encontrar soluções para os défices gigantescos das empresas públicas de transportes é apenas uma fatia de um bolo enorme de problemas. Fica difícil, na verdade, o protagonismo do ministério quando a prioridade dos primeiros meses de Governo apontou à vertente financeira para reequilibrar as contas públicas, o que ainda hoje pressupõe políticas restritivas, implicando aumento da taxa de desemprego, recuo nos índices económicos e cortes na concessão de créditos pela Banca.

Num quadro assim, bem negro, seria difícil dispor Álvaro Santos Pereira de uma varinha de condão capaz de reverter a tendência negativa da economia portuguesa. Nestes tempos recessivos, realista é esperar-se da sua acção a capacidade para programar linhas estratégicas de médio prazo, capazes de reformatar a organização económica do país.

Álvaro Santos Pereira é normalmente citado por más razões. É justo referenciá-lo também sempre e quando dá sinais de capacidade de sobrevivência e de disponibilidade para atenuar problemas. Ontem, por exemplo, fez dois anúncios muito bem-vindos: o do reforço dos seguros de crédito em 400 milhões de euros e o da abertura de uma linha de crédito de 1,5 mil milhões de euros para as pequenas e médias empresas, com um "spread" até 5%, a qual, dando prioridade ao sector exportador (500 milhões), bem pode ajudar ao investimento e descompressão das tesourarias.

Ontem, manifestamente, foi um dia mau para o rufar dos tambores contra Álvaro Santos Pereira...

Fernando Santos, aqui