quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

BANDA MARCIAL ASSOCIOU-SE A FESTA COMEMORATIVA DE FERVOR PÁTRIO FERMENTELENSE

No passado sábado, 3 de Dezembro, a Junta de Freguesia de Fermentelos levou a cabo uma noite cultural realizando em espectáculo comemorativo do ‘Dia da Freguesia’, no qual a Banda Marcial de Fermentelos marcou presença.

Num auditório completamente lotado, e com a notada presença de representantes da autarquia local (presidentes da junta e da assembleia de freguesia), da paróquia e das associações locais, a mais antiga colectividade do concelho de Águeda também se associou ao prolongamento da festa comemorativa do 175º aniversário da criação da freguesia civil que nessa tarde teve o seu ponto alto com a apresentação pública do livro «Fermentelos, Povo e Memória», interpretando aquela que é uma das realidades locais mais marcantes, a música filarmónica, e realizando um concerto exclusivamente composto por obras de compositores locais.

O privilégio da abertura deste concerto coube à fantasia intitulada ‘Trivialidades’ estreada pela Banda da Armada Portuguesa, da autoria de Cândido Santos, um ex-Executante da Banda Velha cuja tenacidade e gosto de viver merece o apreço, o reconhecimento e o carinho de todos.

Fermentelos é conhecida pela capacidade mobilizadora das suas gentes para as várias causas de cidadania e áreas de intervenção, tendo como ex libris a sua Pateira, uma zona húmida de elevada riqueza ecológica que é a maior lagoa natural da Península Ibérica e a segunda maior da Europa. Como muitos fermentelenses que hoje pescam o famoso ‘Peixe da Pateira’, também no Mar da Galileia houve um famoso pescador.

Conhecê-lo melhor, é saber mais sobre um dos doze apóstolos, cujo nome não é hebraico como poderá pensar-se, mas grego, sinal evidente da aptidão cultural da sua família. Escritos muito antigos fazem-nos saber que Santo André, o padroeiro da freguesia de Fermentelos, foi o anunciador e o intérprete de Jesus para a Grécia, onde faleceu na cidade de Pátras, no ano 60 da era cristã. Foi pois à Paróquia e à Freguesia de Fermentelos que a Rambóia dedicou a sua segunda interpretação, uma obra composta pelo maestro Carlos Marques, que ocupa o cargo de Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral da instituição, e sob cuja direcção artística a Banda Marcial de Fermentelos arrecadou um honrosíssimo 2º lugar na 2ª Secção do 123º Certame Internacional de Bandas de Música “Cidade de Valência – 2009”.

Uma classificação que para além de enriquecer o já de si brilhantíssimo palmarés alcançado pela Marcial neste quase século e meio de actividade consecutiva, também impôs internacionalmente o nível da colectividade, a cultura e a auto-estima da freguesia, o nome do concelho e, por que não dizê-lo, a honra do próprio país. E assim, foi para a interpretação de ‘Tubareg’, uma fantasia de concerto encomendada pelo Prof. Tristão Nogueira da Secção de Música e Folclore do INATEL, e que o Maestro Carlos Marques compôs dedicando-a ao seu Pai, António Adaíl Pires da Rosa, ex-presidente da Direcção da Marcial e Sócio de Mérito da instituição, que o muito público presente dedicou a sua atenção.

Conhecida por um associativismo prolífero e variado, que incide particularmente nas áreas cultural, desportiva, recreativa e da assistência social, Fermentelos tem igualmente muitas mulheres e muitos homens que, em autêntico sacerdócio, desempenham os seus cargos associativos à custa de uma iniciativa e empreendimento ímpares, e que só com muito esforço e coragem, conseguem verdadeiros milagres de multiplicação das verbas que são disponibilizadas às suas instituições.

Associação Fermentelense de Assistência; Banda Nova; Grupo Folclórico e Etnográfico e Grupo Folclórico Srª da Saúde; Sporting Clube de Fermentelos e Clube Desportivo da Pateira; Projecto Jovem e Os Carochas; Sociedade Columbófila e Clube de Caça e Pesca; Agrupamento de Escuteiros e Grupo Cáritas; Associação de Pais e Confraria da Pateira.

Para além destas colectividades, há ainda os grupos informais, como os que se organizam e participam no carnaval, nas marchas, no teatro e na organização das festas religiosas, e que à custa de muito esforço e dedicação garantem a continuação de usos e tradições, e respeitam compromissos assumidos na escrupulosa defesa do interesse de Fermentelos e da cultura Fermentelense. Foi a todos estes grupos, formal e informalmente organizados, e de uma forma especial aos seus dirigentes e membros integrantes, que a Banda Marcial de Fermentelos dedicou a interpretação da obra seguinte, ‘Onírico’, uma marcha de concerto composta por Cândido Santos, então executante de 1º Clarinete na Marcial, inspirada numa assumida “ingenuidade juvenil" de uma paixão platónica que a juventude inconstante do autor nunca conseguiu alicerçar.

860 hectares de área, cerca de 3250 habitantes, elevada a vila em 5 de Maio de 1928, uma das 20 freguesias do concelho de Águeda, que tem no comércio, na indústria, na agricultura e no turismo as suas principais actividades económicas. É nesta vila e freguesia de Fermentelos, que tem sede a Banda Marcial, cuja formação actual integra cerca de setenta elementos, a maioria dos quais inicia a sua formação na Escola de Música da colectividade, dando-lhe sequência em Conservatórios, Escolas Profissionais e Universidades, quer nacionais quer estrangeiras, surgindo como valores que, como docentes, servem por todo o país em escolas de música, orquestras sinfónicas, bandas civis e militares, e toda uma vasta panóplia de agrupamentos musicais de elevado nível com os quais colaboram.

De entre tantos, destaca-se o maestro e compositor Luís Cardoso, um virtuoso do saxofone e um dos mais profícuos compositores de originais e arranjos para banda do actual panorama nacional, e sob cuja direcção artística a Banda Marcial de Fermentelos foi a primeira banda filarmónica amadora a actuar na Sala Guilhermina Suggia, da Casa da Música no Porto, em 2007, naquele que é um dos pontos altos da já longa história da Banda Velha. Foi com ‘Gaudium’, uma obra da sua autoria que evoca diversos estados de felicidade, que a Banda Marcial de Fermentelos deu sequência ao concerto.

Falar da obra "Alma - Cantata Profana", é recordar apresentações que contaram com a participação da mezzo-soprano Margarida Reis e do Grupo Coral Espranjar para além dos restantes sete grupos corais do concelho de Águeda, em espectáculos que juntaram simultâneamente no mesmo palco cerca de 450 pessoas. Para além de registos da grande versatilidade da Banda Marcial de Fermentelos, esses espectáculos constituíram, certamente, sinais de afirmação, a nível nacional, não só da identidade de Fermentelos, mas também da auto-estima da cultura Fermentelense.

A sua autoria é do fermentelense Luís Cardoso, maestro, compositor e arranjador com diversas obras publicadas em editoras nacionais e internacionais, que honra a instituição com o desempenho do cargo de Secretário da Mesa da Assembleia Geral. A marcha ‘Ulisses’ foi a obra que a Marcial interpretou de seguida, composta em memória do Presidente da Direcção Honorário Ulisses Carvalho de Jesus, cuja visão e dinamismo deixou marca não só no património edificado da Marcial, mas também no património cultural da filarmonia do concelho de Águeda, e que foi dedicada a todos os Associados, Dirigentes, Maestros e Executantes da Banda Marcial de Fermentelos e à memória dos que desde 1868 entretanto faleceram.

Recordar, como Armor Pires Mota recorda no livro ‘Fermentelos, Povo e Memória’ que nessa tarde foi publicamente apresentado, personalidades como João Tomás Dias Antão, Dr. João Nepomuceno da Silva ou Dr. João Tomás Dias Urbano; Prof. João Pires da Rosa, Comissário Belarmino Ferreira de Oliveira ou Engº Gil Pires Martins, ou de qualquer um dos 35 presidentes de junta que a partir dessa tarde viram os seus nomes e fotografias (apenas dos 18 que foi possível obter) expostos para a posteridade no salão da junta de freguesia, é recordar a memória e a história de Fermentelos, e a intervenção cívica e a capacidade intelectual das suas gentes, um motivo de orgulho que nenhum fermentelense prescinde de ver transmitido às gerações vindouras.

Foi a todos os fermentelenses, mais ou menos ilustres, mais ou menos eruditos e mais o menos conhecidos, que a Banda Marcial de Fermentelos dedicou a sua penúltima interpretação, a marcha ‘Rambóia’, elaborada por Cândido Santos em 1988 para comemoração do 120º Aniversário da Banda Marcial.

Fundada pelo Padre Alexandre Moreira da Silva Vidal, a Banda Marcial de Fermentelos tem a sua actividade ininterrupta que já ultrapassa 142 anos, contada no livro “A RAMBÓIA”, editado pela Universidade Fernando Pessoa. Uma actividade que desde 2008 vem sendo sucessivamente reconhecida pelo Ministério da Cultura, como sendo de interesse cultural para efeitos de mecenato, e da qual fazem parte muitos concertos presenciados por muitos públicos.

Com o desejo sincero de que o concerto tivesse sido do inteiro agrado de todos, e com votos de que a época natalícia que se avizinha traga a felicidade que todos merecem, e que o próximo ano de 2012 proporcione o dobro da prosperidade que desejam, a Marcial encerrou o concerto comemorativo do Dia da Freguesia, dedicando a todos os presentes a interpretação da popular ‘Fermentelos Querido’ outra marcha arranjada pelo compositor Luís Cardoso, uma interpretação que suscitou a interacção do público, que a cantou e acompanhou com muitas e sonoras palmas.

No final do concerto houve o habitual magusto, com castanhas e vinho à discrição, a simples mas já tradicional forma de encerrar as festividades comemorativas do Dia de Fermentelos.