O líder parlamentar socialista afirmou hoje que, se o Governo não recuar em algumas das mais drásticas medidas de austeridade, Passos Coelho será na História de Portugal o primeiro primeiro-ministro com uma estratégia de empobrecimento do país.
Carlos Zorrinho falava na fase de debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2012, num discurso em que salientou a decisão do PS de se abster na votação da proposta do Governo e em que apelou ao líder do executivo para que tenha "bom senso" e "sentido de responsabilidade" perante as medidas alternativas a apresentar pelo seu Grupo Parlamentar em sede de especialidade.
Caso contrário, de acordo com o presidente da bancada do PS, Passos Coelho correrá o risco de ser o primeiro primeiro-ministro na História de Portugal "a inventar um desvio e a ficar amarrado a uma inverdade; será o primeiro primeiro-ministro a retirar aos portugueses este ano cerca de 50 por cento do subsídio de natal sem qualquer necessidade; e será o primeiro primeiro-ministro, incluindo em todo o mundo democrático, a ter uma estratégia de empobrecimento para o seu país".
Carlos Zorrinho considerou uma exigência do atual executivo "devolver um dos salários e pensões aos funcionários públicos e pensionistas", manter nos 13 por cento a taxa do IVA da restauração e libertar as instituições de ensino superior da asfixia financeira.
O presidente do Grupo Parlamentar do PS advertiu desde já que se oporá às privatizações da RTP e das Águas de Portugal e que, nos restantes processos de privatização, espera que o Governo acolha as suas propostas para que haja uma "maior transparência".
Já na fase de perguntas, o vice-presidente da bancada do PSD Luís Menezes contrapôs que a principal razão de empobrecimento de Portugal "foram os últimos anos a que o país foi sujeito".
"Para 2012, só temos uma palavra de ordem: Cumprir as metas de consolidação orçamental", disse.
Zorrinho respondeu depois sustentando que o "défice na execução orçamental deste ano foi menor no primeiro semestre [com o Governo socialista] do que no segundo semestre [com o Governo PSD/CDS]".
"Andam a avisar o Governo e o PSD que ficam mal na fotografia se recuarem, mas se não recuarem quem ficam mal na fotografia são todos os portugueses", apontou o líder da bancada do PS.
O debate mais duro foi travado com o presidente do Grupo Parlamentar do PCP, Bernardino Soares, que se referiu com ironia à estratégia dos socialistas neste debate orçamental.
"A singularidade da abstenção violenta não é mais do que a ausência de alternativas face ao Governo por parte do PS", considerou.
Para Bernardino Soares, ao contrário do que tem defendido o PS, "as questões fundamentais do Orçamento não são as folgas, as almofadas ou as cativações".
"Isso é o que convém ao Governo - e o PS também em nenhum momento quer tirar ao capital para dar aos trabalhadores portugueses", acusou.
Na resposta, Carlos Zorrinho elogiou a coerência política "da CDU", mas lamentou a ausência de coerência desta coligação política face à realidade do mundo.
PMF
Lusa/fim
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